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    Cunha quis constranger e intimidar Temer com perguntas, diz Moro

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    11/02/2017 16h12

    Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Folhapress
    CURITIBA, PR, 07.02.2017 - LAVA-JATO – O ex-presidente da Câmara e deputado cassado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na operação Lava Jato, chega à Justiça Federal em Curitiba (PR), para prestar depoimento ao juiz Federal Sérgio Moro na tarde desta terça-feira (07). (Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Folhapress) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na operação Lava Jato, chega à Justiça em Curitiba (PR) para prestar depoimento a Moro

    O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato, criticou, em decisão desta sexta (10), a tentativa do ex-deputado Eduardo Cunha de "constranger e intimidar" o presidente Michel Temer (PMDB) para forçá-lo a agir em seu favor.

    Segundo ele, houve uma "reprovável de tentativa de intimidação da Presidência da República", que demonstra que o ex-parlamentar "prossegue com o mesmo modus operandi de extorsão, ameaça e intimidações".

    Moro fez referência a perguntas encaminhadas por Cunha a Temer, convocado como testemunha de defesa do ex-deputado, no final do ano passado.

    O juiz indeferiu parte delas, por entender que não tinham relação com o fato sob julgamento. As questões falavam sobre doações oficiais e em caixa dois, reuniões do peemedebista com fornecedores da Petrobras e a relação com José Yunes, um dos melhores amigos do atual presidente.

    "[As perguntas] tinham, em cognição sumária, por motivo óbvio constranger o Exmo. Sr. Presidente da República e provavelmente buscavam com isso provocar alguma espécie intervenção indevida da parte dele em favor do preso", afirmou Moro, na decisão desta sexta (10).

    "Não se pode permitir que o processo judicial seja utilizado para essa finalidade, ou seja, para que parte transmita ameaças, recados ou chantagens a autoridades ou a testemunhas", disse o magistrado.

    A decisão negou o pedido de liberdade feito pela defesa de Cunha, que argumentava que a ação a que ele responde já chega ao fim e que não havia mais motivos para o peemedebista permanecer preso.

    ARTIGO À FOLHA

    Moro ainda comentou, no despacho, o artigo que Cunha escreveu à Folha, em que o acusa de mantê-lo preso "como um troféu" e afirma ser "retaliado" pelo magistrado.

    Para o juiz, é preciso "despersonalizar o debate". Moro diz que não tem qualquer questão pessoal contra Cunha, e destaca que um processo "é produto de várias mãos".

    "Esclareça-se, desnecessariamente, que a manutenção da preventiva não é 'retaliação' ao acusado, mas mero cumprimento da lei", afirmou.

    A defesa de Cunha informou que irá recorrer da decisão no TRF (Tribunal Regional Federal).

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