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    Chamado de 'chefete de polícia', Moraes se reúne com Renan por apoio

    DANIEL CARVALHO
    DE BRASÍLIA

    14/02/2017 17h44 - Atualizado às 19h37

    Débora Brito - 10.fev.2017/Agência Brasil
    Brasília - Líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, recebe Alexandre de Moraes, indicado a ministro do STF. Moraes foi ao Congresso Nacional apresentar suas credenciais aos senadores (Débora Brito/Agência Brasil)
    Líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, ao receber Moraes, indicado a ministro do STF

    Em busca de apoio no Senado para garantir sua vaga como ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro da Justiça licenciado, Alexandre de Moraes, passou a terça-feira (14) em peregrinação por gabinetes de senadores.

    No final da tarde, reuniu-se com senadores do PMDB, inclusive o líder da legenda no Senado, Renan Calheiros (AL). Alvo da Operação Lava Jato, o peemedebista fez duras críticas a Moraes no ano passado.

    Em outubro de 2016, quando era presidente do Senado, Renan chamou Moraes de "chefete de polícia por causa da Operação Métis, realizada na Casa para desarticular uma suposta organização criminosa que tentava atrapalhar investigações da Lava Jato.

    "É lamentável que isso aconteça num espetáculo inusitado, que nem a ditadura militar o fez, com a participação do ministro do governo federal que não tem se portado como um ministro de Estado. No máximo, tem se portado como um ministro circunstancial de governo, chefete de polícia", disse Renan no dia 24 de outubro do ano passado.

    Ao ser relembrado do episódio pela Folha e questionado se agora era favorável à indicação de Moraes, Renan se esquivou. "Você disse bem. No ano passado", afirmou.

    A reportagem então indagou se o assunto era página virada. "Um abraço", retrucou Renan Calheiros.

    Antes, o líder do PMDB disse que conversa com Moraes havia sido "muito boa" e que os senadores saíram do encontro "satisfeitos".

    "O ministro esteve inteiramente à vontade e falou de alguma coisa que certamente ele vai abordar na sabatina de terça-feira [21]", disse Renan.

    Alexandre de Moraes é o escolhido do presidente Michel Temer para ocupar a vaga de ministro do STF deixada por Teori Zavascki, que morreu em um acidente aéreo no início deste ano. Moraes será o revisor na Corte dos processos relacionados à Lava Jato, operação que envolve diversos parlamentares da base aliada, além de membros do primeiro escalão do governo.

    Relator na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da indicação de Moraes para o STF, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) disse que Moraes tratou com eles de temas como demarcação de terras indígenas, código florestal, cláusula de barreira e matérias que vão à votação no Senado. Os senadores também abordaram a relação do Judiciário com o Legislativo.

    Segundo a Folha apurou, Moraes reafirmou que o Judiciário tem que "guardar fidelidade às suas atribuições".

    "Foi uma conversa bastante amena e produtiva. Não se falou de Lava Jato. Conversou-se sobre temas gerais da relação da democracia brasileira em relação ao Judiciário, ao Legislativo e ao Executivo", afirmou Braga.

    Moraes será sabatinado na CCJ na próxima terça-feira (21), apesar da tentativa do governo de antecipar a sessão de questionamentos para esta quarta-feira (15).

    Envolvido em polêmicas como a participação em uma sabatina informal no barco de um senador, Moraes não quis conversar com os jornalistas e ignorou todas as perguntas que lhe foram feitas.

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