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    Temer afirma que não é inimigo nem censor da imprensa

    DE BRASÍLIA

    14/02/2017 20h18

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Presidente Michel Temer (PMDB) anuncia calendário de saque de contas inativas do FGTS, em Brasília
    Presidente Michel Temer (PMDB) anuncia calendário de saque de contas inativas do FGTS, em Brasília

    O presidente Michel Temer afirmou nesta terça-feira (14), por meio de nota oficial, que tem compromisso permanente e inarredável com a defesa e a promoção da liberdade de imprensa.

    "O Presidente da República notou que no dia de hoje tentou-se imputar-lhe a pecha de inimigo e censor da imprensa", diz trecho de nota divulgada por seu porta-voz, Alexandre Parola.

    O presidente refere-se ao episódio em que o juiz Hilmar Raposo Filho, da 21ª Vara Cível de Brasília, concedeu liminar na sexta (10) proibindo a Folha e o jornal "O Globo" de publicar informações sobre chantagem sofrida pela primeira-dama, Marcela Temer, de um hacker.

    "Sua atuação e seus votos ao longo da Assembleia Constituinte de 1988 revelam e confirmam tal compromisso. O Presidente da República sempre esteve em linha, portanto, com os movimentos das entidades representativas da imprensa brasileira na defesa desses princípios e valores. O que se discute na Justiça é tema distinto", diz a nota do Palácio do Planalto.

    O pedido de liminar foi assinado pelo subchefe para Assuntos Jurídicos, Gustavo Vale do Rocha. No site do jornal, o texto sobre o assunto, publicado na sexta, foi suprimido após a notificação. A Folha recorreu da decisão.

    A reportagem teve acesso a informações tornadas públicas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. O hacker Silvonei de Jesus Souza foi condenado em outubro a 5 anos e 10 meses de prisão por estelionato e extorsão e cumpre pena em Tremembé (SP).

    Souza usa um áudio do celular de Marcela clonado por ele para chantagear a primeira-dama e menciona o nome do presidente Michel Temer. Todo o conteúdo de um celular e contas de e-mail da primeira-dama foram furtados pelo hacker.

    "Trata-se, na verdade, dos direitos e garantias fundamentais assegurados pela Constituição Federal quando, em seu artigo quinto, inciso décimo, estabelece, e cito, que são invioláveis, 'a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas'. Este preceito constitucional foi reiterado pela Lei que se veio a conhecer como Lei Carolina Dieckmann, a qual jamais foi contestada no que determina", diz a nota de Temer.

    Segundo a nota, o presidente "aguarda com serenidade a decisão judicial" sobre o assunto.

    O recurso da Folha diz que a liminar concedida pelo juiz de Brasília "consubstancia inaceitável censura". O jornal "se limitou a reproduzir fatos verídicos e de evidente interesse público, no regular exercício da atividade de imprensa", segundo a advogada Taís Gasparian, que assina o documento.

    "A decisão que proíbe sua divulgação importa em censura e contraria os princípios de liberdade de imprensa e informação, assegurados pela Constituição Federal", diz trecho do recurso.

    Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pela Presidência da República

    "O Presidente da República notou que no dia de hoje tentou-se imputar-lhe a pecha de inimigo e censor da imprensa.

    A vida política, profissional e pública do Presidente Michel Temer é reveladora de seu compromisso permanente e inarredável com a defesa e a promoção da necessidade central da liberdade de imprensa para a democracia.

    Sua atuação e seus votos ao longo da Assembleia Constituinte de 1988 revelam e confirmam tal compromisso.

    O Presidente da República sempre esteve em linha, portanto, com os movimentos das entidades representativas da imprensa brasileira na defesa desses princípios e valores. O que se discute na justiça é tema distinto.

    Trata-se, na verdade, dos direitos e garantias fundamentais assegurados pela Constituição Federal quando, em seu artigo quinto, inciso décimo, estabelece, e cito, que são invioláveis, "a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas." Este preceito constitucional foi reiterado pela Lei que se veio a conhecer como Lei Carolina Dieckmann, a qual jamais foi contestada no que determina.

    Estando o caso no judiciário e observador do princípio da separação de Poderes, o Presidente da República aguarda com serenidade a decisão judicial.

    Desde seu primeiro momento à frente da Presidência da República, o Presidente Michel Temer tem pautado as ações de seu governo pela busca do diálogo e da pacificação nacional, sobre a base de uma defesa férrea dos preceitos constitucionais e convencido de que a liberdade de expressão é uma das condições para que melhor prospere o diálogo dentro dos marcos de nossa constituição democrática".

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