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    CPI do Cachoeira foi vingança do PT por mensalão, diz Delcídio

    DO RIO

    16/02/2017 16h31 - Atualizado às 19h55

    Alan Marques 0 9.mai.2016/Folhapress
    Delcídio do Amaral em reunião do Conselho de Ética do Senado, em Brasília (DF)
    Delcídio do Amaral em reunião do Conselho de Ética do Senado, em Brasília (DF)

    O ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT) afirmou em depoimento à Justiça Federal do Rio que a CPI do Cachoeira foi criada como uma espécie de vingança pelos resultados da CPI dos Correios, que investigou o mensalão.

    Ele depôs como testemunha no processo da Operação Saqueador, que investiga desvios de recursos em obras da Delta Construções por meio de empresas supostamente de fachada do empresário Adir Assad.

    "Havia um ranço da época do mensalão, e especificamente em relação ao governador [de Goiás] Marconi Perillo. Na época para ter votos ou não, assinatura suficiente para ter a CPI dos Correios ou não, parece que houve um diálogo que nãu surtiu efeito... Ficou essa mágoa", disse o ex-petista, que firmou delação premiada com o Ministério Público Federal após ser flagrado planejando a fuga do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

    Delcídio reafirmou no depoimento ao juiz Marcelo Bretas que a CPI passou a ser esvaziada após informações sobre Assad virem a tona. Ele disse que quebras de sigilo da comissão indicavam empresas "que poderiam levar a doações de campanha, obras em andamento" que atingiam o governo petista.

    "Imaginou-se que com a CPI do Cachoeira o chumbo voltaria. Mas perceberam que o chumbo ia bater em quem queria se vingar. [...] No início era uma CPI goiana. Mas virou uma CPI nacional", disse ele em entrevista coletiva, após o depoimento.

    A comissão acabou sem produzir um relatório final. O senador cassado disse ainda que o ex-presidente Lula sabia do abafamento dos trabalhos da CPI.

    "[Lula] Foi um dos incentivadores da CPI. Porque imaginava-se que seria uma CPI regional. A decisão para esvaziar a CPI partiu dos líderes. Nenhuma atitude da CPI no sentido de esvaziá-la é feita sem o conhecimento do governo", declarou o ex-senador.

    Em nota, o Instituto Lula disse que Delcídio "é réu confesso com liberdade concedida por negociação com a Justiça, e processado pelo ex-presidente Lula por acusações mentirosas e sem provas feitas".

    "Em depoimento ontem na Justiça de Brasília, em processo onde Delcídio é réu, o ex-senador admitiu usar de mentiras e bravatas em suas falas e mais uma vez não apresentou nenhuma prova de suas acusações contra Lula", afirmou em nota o instituto.

    O depoimento de Delcídio foi também uma das origens da Operação Leviatã deflagrada nesta quinta-feira (16) que teve como alvo o senador Edison Lobão (PMDB-MA).

    "Deixei claro para o Ministério Público que o meu depoimento seria político. E que seria complementado com outras colaborações. Sou um político. Ou era pelo menos. Não tenho cheque, planilha, depósito, nada. Mas sabia o que tinha acontecido. A delação da Andrade Gutierrez deu a consistência para essa operação de hoje", afirmou.

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