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    Censura à Folha foi 'mau exemplo' do Brasil, diz entidade mundial de jornais

    DE SÃO PAULO

    16/02/2017 18h58

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 07-09-2016, 09h00: O presidente Michel Temer, acompanhado da primeira dama Marcela Temer, do presidente da câmara dos deputados dep. Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do presidente do STF ministro Ricardo Lewanwoski, participa da parada do 7 de setembro, data da independência brasileira, na esplanada dos ministérios. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    O presidente Michel Temer e a primeira-dama Marcela, em setembro do ano passado

    A decisão de um juiz de Brasília que censurou reportagem da Folha sobre a primeira-dama Marcela Temer foi um caso "absurdo e preocupante" e um "mau exemplo" do Brasil para a liberdade de imprensa, afirmou nesta quinta (16) Rodrigo Bonilla, gerente para a América Latina da Wan-Ifra (Associação Mundial de Jornais, na sigla em inglês).

    Para ele, o episódio "pode produzir uma autocensura aos jornalistas e fazer com que eles fiquem com medo de publicar outras reportagens sobre a primeira-dama".

    Na última sexta (10), a pedido do subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência da República, Gustavo Vale do Rocha, o juiz Hilmar Raposo Filho concedeu liminar que impedia o jornal de publicar informações sobre a tentativa de um hacker de chantagear Marcela no ano passado.

    A petição do Planalto pedia que os textos publicados fossem "imediatamente retirados do site e recolhidas eventuais edições impressas" e "sob pena de multa de R$ 500.000,00 por acesso no site e edição vendida".

    Nesta quarta (15), o desembargador Arnoldo Camanho de Assis, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, aceitou recurso da Folha e suspendeu os efeitos da decisão.

    Bonilla diz que o próprio pedido de multa pode inibir o trabalho da imprensa. O gerente afirma que a Wan-Ifra segue o entendimento da ANJ (Associação Nacional de Jornais) e considera que houve "censura prévia" ao jornal, já que a ação foi protocolada antes da publicação do material.

    A reação de entidades que condenaram a censura, segundo ele, é importante para que a imprensa do Brasil se distancie de exemplos "mais extremos" na América do Sul, como o Equador, onde o presidente Rafael Correa enfrenta com frequência meios de comunicação nos tribunais.

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