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    Carlos Velloso recusa convite de Temer para ser ministro da Justiça

    DANIEL CARVALHO
    MARINA DIAS
    CAMILA MATTOSO
    DE BRASÍLIA

    17/02/2017 16h28

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 06-08-2015, 20h00: O ex ministro do STF Carlos Velloso e a ministra do TSE Luciana Lossio. Cerimônia de abertura da exposição "A Saga da Reinstalação da Justiça Eleitoral em 1945: História e Cultura dos 70 Anos da Redemocratização no Brasil", promovida pelo TSE e pela Fundação Armando Alvares Penteado. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, MONICA BERGAMO) ***EXCLUSIVO*** ***MONICA BERGAMO***
    O ex-ministro do Supremo Carlos Velloso, que recusou convite para ser ministro da Justiça de Temer

    O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Mário Velloso, 81, decidiu recusar o convite do presidente Michel Temer para ser ministro da Justiça no lugar de Alexandre de Moraes.

    Dois obstáculos foram apontados por ele para não aceitar o cargo: a pressão da família e contratos com cláusulas de exclusividade com seu escritório de advocacia, que atua em mais de 50 ações em tribunais.

    Velloso disse à Folha que comunicou sua decisão a Temer na tarde desta sexta (17). "Avisei o presidente. Ele entendeu, era uma questão ética. Tenho compromissos a honrar e consultei a todos, mas não pude deixá-los", disse.

    "São contratos que eu tenho que manter. A menos que o contratante tivesse disposto a aceitar a minha saída. Não foi o caso", ressaltou.

    Velloso e Temer conversaram na noite de quinta (16) sobre os problemas. Nesta tarde, voltaram a se falar por telefone.

    Auxiliares que estiveram com Temer em São Paulo nesta sexta afirmam que o presidente "já estava preparado para a escolha de outro nome" para o Ministério da Justiça desde a noite passada.

    Esses assessores disseram ainda que Temer havida dado um prazo até o fim da tarde desta sexta para que Velloso respondesse ao convite, mas já avaliava que os clientes do escritório de advocacia do ex-ministro do STF inviabilizariam sua ida para o governo. Além disso, os filhos de Velloso eram contrários à sua nomeação para a pasta.

    O ex-ministro havia declarado à Folha que, por ele, estaria "80% resolvido" no sentido de aceitar o convite, apesar das dificuldades impostas.

    Ele reuniu-se com Temer na terça-feira no Palácio do Planalto. O presidente havia decidido pelo nome dele, dependendo apenas da resposta.

    A ideia de Temer era nomeá-lo a partir de quarta (22), após a sabatina de Alexandre de Moraes no Senado.

    Com a recusa de Velloso, o presidente terá de rever seu cardápio de opções para o ministério. Neste fim de semana, quando retorna a Brasília, Temer deve reiniciar a sondagem de novos nomes para a Justiça, mas vai procurar baixar a temperatura das especulações. Quer intensificar as discussões sobre o tema apenas após a sabatina de Moraes, que esteve com o presidente nesta tarde, em São Paulo.

    Entre os cotados, antes de o ex-ministro do STF ser convidado, estavam o vice-procurador-geral da República, José Bonifácio de Andrada, e o deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), apoiado pela bancada peemedebista na Câmara.

    Segundo a Folha apurou, Temer descartou o nome do ex-secretário de Segurança Pública do Rio José Beltrame para a Secretaria de Segurança Pública do governo. O presidente sondou o advogado Antonio Mariz para o posto, mas ele ainda não sinalizou sobre o assunto.

    INSISTÊNCIA

    A recusa de Velloso deu nova esperança aos deputados do PMDB, que brigam por mais espaço na Esplanada dos Ministérios.

    Os deputados voltarão a insistir no nome do deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), que havia sido descartado pelo Palácio do Planalto depois que a Folha mostrou que o parlamentar havia feito críticas ao poder de investigação do Ministério Público, um dos principais atores da Operação Lava Jato.

    Peemedebistas argumentam que Pacheco preenche todos os requisitos técnicos e morais e que as críticas que fez foram proferidas por ele como advogado e dentro de um contexto próprio.

    O nome de Pacheco era defendido apenas pelas bancadas de Minas e do PMDB. Agora, tem apoio também de representantes de outros partidos.

    "Não vejo nenhum problema em escolher um parlamentar que é especializado. [Vai deixar de escolher] por causa da opinião dele?", ponderou o deputado Beto Mansur (PRB-SP), próximo a Michel Temer.

    UM ANO
    Na entrevista à Folha Veloso contou ainda que não estaria disposto a ficar até o fim do governo, no fim de 2018.

    "Seria para ficar um ano apenas. E eu já até falei isso para o presidente. Não mais que um ano", disse.

    "Quando falou comigo, ele [Temer] disse isso, que queria minha ajuda para salvar o Brasil. Talvez ele tenha até se excedido um pouco. Mas é uma coisa muito importante", afirmou.

    "E, se aceitar, vou ter até de pagar para ser ministro, porque não vou poder aceitar mais um níquel", ressaltou Velloso, em referência à sua atuação como advogado.

    Segundo ele, os clientes de seu escritório de advocacia em Brasília foram consultados sobre o assunto. Se houvesse apelos para que permanecesse fazendo a defesa de um ou outro, isso pesaria na sua decisão sobre o convite de Temer, diz.

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