• Poder

    Sunday, 28-Apr-2024 16:08:58 -03

    Quadro clínico de Serra justifica saída do governo, dizem especialistas

    CLÁUDIA COLLUCCI
    DE SÃO PAULO

    24/02/2017 02h00

    Alan Marques/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 28.09.2016. O ministro das Relações Exteriores, José Serra, participa da 111ª Reunião do Conselho da Câmara de Comércio Exterior - CAMEX, no Palácio do Planalto. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER MERCADO
    O ex-ministro das Relações Exteriores, José Serra

    De 2% a 9% dos pacientes que se submetem à cirurgia de coluna cervical feita pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), podem continuar com dores e/ou perda de sensibilidade.

    Segundo a literatura médica, as causas da falha cirúrgica podem ser várias, como a não formação de osso entre as vértebras, o que faz com que os parafusos colocados na cirurgia não sustentem as estruturas ou se soltem.

    Outra possibilidade é a formação de fibrose (processo natural de cicatrização) em torno do nervo ou ainda a mudança da mecânica do pescoço após a substituição do disco por uma prótese.

    Mas ainda é cedo para saber se houve uma falha cirúrgica no caso de Serra. Operado em 20 de dezembro, ele ainda está na fase do pós-operatório, que dura 90 dias.

    O resultado real da cirurgia leva de quatro a seis meses para aparecer. Nesse período, a recomendação médica é evitar dobrar o pescoço para baixo ou para trás, fazer fisioterapia de duas a três vezes por semana e exercícios de manutenção diários, além de uso de medicamentos.

    Segundo médicos ouvidos pela Folha, a saída de Serra do governo para se dedicar à reabilitação é justificada. Longas viagens, por exemplo, são desaconselhadas e a rotina de fisioterapia precisa ser seguida à risca.

    DOR NEUROPÁTICA

    Os problemas de coluna de José Serra são comuns no processo de envelhecimento, quando há um desgaste natural das estruturas ósseas do corpo, levando a quadros de artrose e hérnia de disco.

    A instabilidade segmentar vertebral pode ser causada por essa degeneração. Segundo o fisiatra João Amadera, diretor do Spine Center (Centro de Coluna de São Paulo), há uma maior mobilidade entre as vértebras, o que compromete as estruturas que dão estabilidade à coluna.

    Já a estonese foraminal, explica o médico, é um estreitamento do espaço de saída do nervo, que fica "pinçado" e inflamado. Isso leva à dor, perda de sensibilidade, de força e de reflexos.

    A cirurgia, nesses casos, visa descomprimir o forame (por onde passam o nervo), substituir o disco por prótese e fixar as vértebras com placa e parafusos.

    Segundo o ortopedista Alexandre Fogaça, do Hospital das Clínicas de São Paulo, após a cirurgia, espera-se que a recuperação aconteça em seis meses, mas pode levar até dois anos. Se não ocorrer, é considerado que houve um dano definitivo do nervo, e a pessoa poderá ficar com uma dor crônica como sequela.

    A cirurgia de Serra

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024