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    ANÁLISE

    Sem Padilha, cresce isolamento e dependência do presidente Temer

    IGOR GIELOW
    DE SÃO PAULO

    24/02/2017 12h02

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Brasilia, DF, Brasil, 16/02/2017: Presidente Michel Temer participa de cerimonia de sancao da reforma do ensino medio,ao lado dele o presidente do senado Eunicio Oliveira, o ministro Eliseu Padilha (casa civil) e o ministro Mendonça Filho (educação).. Foto: Pedro Ladeira/Folhapress
    Eliseu Padilha (dir.) com Temer e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), em evento

    A licença de Eliseu Padilha do núcleo duro do governo, ao menos neste momento, aumenta o isolamento do presidente Michel Temer e sua dependência do PMDB da Câmara e do PSDB para tocar o restante de seu mandato.

    Ao montar seu governo, ainda interino, Temer cercou-se de auxiliares que o acompanhavam há décadas no PMDB. O quarteto Romero Jucá (Planejamento), Padilha (Casa Civil), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Moreira Franco (hoje na Secretaria-Geral) formava a rede de aconselhamento e operação do presidente.

    Hoje, no Planalto, só sobrou Moreira Franco. Os outros foram abatidos por escândalos éticos, agravado no caso de Padilha pela questão da saúde. Jucá continua poderoso, como líder no Senado, mas nominalmente Temer está sozinho.

    Ganha peso o PMDB da Câmara, que vinha se sentindo alijado do centro do poder. Com a no mínimo polêmica, para ficar no eufemismo, indicação do deputado Osmar Serraglio (PR) para a Justiça, o grupo ganha influência sobre a sensível área relacionada ao controle da Polícia Federal.

    Isso não significa controle para parar a Lava Jato automaticamente. A operação tem vida própria e instâncias variadas, e qualquer tentativa mais óbvia sob a alçada do Ministério da Justiça, como o remanejamento de delegados, será imediatamente percebida e amplificada. O que não quer dizer que não possa vir a ocorrer, naturalmente.

    Outro flanco afetado pela licença de Padilha é o PSDB. O partido já havia se instalado no núcleo duro com a chegada de Antonio Imbassahy (BA) à Secretaria de Governo, e o senador Aécio Neves (MG), presidente, vinha tratando publicamente de indicações de nomes nas últimas semanas.

    Em tese, Temer fica mais dependente dos tucanos, mas a saída de José Serra do Itamaraty, anunciada na quarta (22), jogou sombras sobre a situação do aliado de primeira hora. Sem Serra, Aécio perde seu principal homem no governo: a dupla era fiadora da aliança PSDB-PMDB, sob pressão do adversário interno Geraldo Alckmin (SP), que disputa com Aécio a vaga de presidenciável em 2018.

    Baixas no ministério

    A partida será jogada no Congresso, onde Temer tem uma ampla e ambiciosa agenda que inclui as reformas previdenciária e trabalhista, para começar. Isso se novas revelações da Lava Jato não levarem o Parlamento à paralisia total.

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