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    Lava Jato

    Funaro afirma que vai processar por calúnia amigo e ex-assessor de Temer

    CAMILA MATTOSO
    DE BRASÍLIA

    27/02/2017 02h00

    Marlene Bergamo - 29.abr.2016/Folhapress
    O advogado José Yunes em seu escritório em São Paulo, onde diz ter recebido pacote de Lucio Funaro
    O advogado José Yunes em seu escritório em São Paulo, onde diz ter recebido pacote de Lucio Funaro

    À espera do julgamento de um pedido de habeas corpus, o corretor Lúcio Bolonha Funaro decidiu atuar em várias frentes para negar as acusações que tem sofrido.

    Seu novo advogado, o criminalista Bruno Espiñeira, afirma que ele vai processar por calúnia José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer.

    Yunes declarou à PGR (Procuradoria-Geral da República) e em entrevista à Folha que recebeu Funaro em seu escritório de advocacia em São Paulo, no fim de 2014. Segundo Yunes, o corretor, apontado como sócio e principal operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), levou para ele um "pacote", a pedido de Eliseu Padilha, hoje ministro da Casa Civil –e licenciado por motivos de saúde.

    O amigo de Temer disse ainda não saber o que havia dentro do "pacote", se era ou não dinheiro, e que uma terceira pessoa, da qual ele não se recorda, passou para retirar a encomenda.

    O episódio coincide com delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht.

    Melo Filho afirmou que o escritório de Yunes foi um dos endereços destinatários de pagamentos para campanhas do PMDB. Por causa disso, em dezembro do ano passado, Yunes decidiu deixar o cargo de assessor do presidente e, em seguida, começou a se movimentar para, segundo ele, esclarecer o ocorrido.

    O advogado de Funaro levará ainda um pedido de acareação para a PGR entre o seu cliente, Melo Filho, Eliseu Padilha e José Yunes.

    Da prisão, Funaro nega que tenha feito qualquer entrega para o ex-assessor de Temer ou mesmo que tenha pedido a alguém que o fizesse. Padilha diz não conhecer Funaro e nega ter feito qualquer tipo de pedido a Yunes.

    As declarações do ex-assessor de Temer aumentaram a pressão sobre o chefe da Casa Civil, que se licenciou do cargo citando motivos de saúde.

    Funaro está preso desde julho do ano passado e aposta sua liberdade em um julgamento de habeas corpus para trocar o regime fechado por domiciliar. O pedido deve ser pautado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região na segunda semana de março.

    OUTRAS AÇÕES

    Além do processo que deve abrir acusando Yunes de calúnia e da manifestação para um pedido de acareação na PGR, a defesa de Funaro também vai atuar no caso das operações comandadas pela Procuradoria da República do Distrito Federal.

    Em delação premiada que se tornou pública na semana passada, o empresário Alexandre Margotto leva ao Ministério Público detalhes de esquemas de corrupção que eram liderados, segundo ele, pelo seu ex-sócio Funaro.

    O advogado Bruno Espiñeira diz que vai se manifestar na ação penal em que seu cliente é réu, na qual agora foi juntada a colaboração de Margotto, negando que sejam verdadeiros os depoimentos.

    Ele vai pedir para que os documentos não sejam considerados prova no processo.

    Espiñeira vai também solicitar à Justiça um exame que comprove "insanidade mental" em Margotto.

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