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    Aliados de ex-governador criticam métodos de juíza de Mato Grosso

    GABRIELA SÁ PESSOA
    ENVIADA ESPECIAL A CUIABÁ

    01/03/2017 02h00 - Atualizado às 08h40
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    Alan Marques - 9.dez.08/Folhapress
    BRASÍLIA, DF - 09.12.2008: REUNIÃO/FUNDO DO CENTRO OESTE DF - O governador em exercício do Mato Grosso, Silval Cunha Barbosa, durante reunião sobre Fundo do Centro Oeste, no Senado Federal, nesta sexta-feira. (Foto: Alan Marques/Folha Imagem)
    Ex-governador de Mato Grosso, Silval Cunha Barbosa (PMDB), durante reunião

    Preso preventivamente desde setembro de 2015, o ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB) poderia, desde abril de 2016, responder em liberdade às investigações da Operação Sodoma. Naquele mês, ele obteve habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal).

    Os ministros Marco Aurélio Mello, Edson Fachin e Luiz Fux entenderam que não havia provas de que Barbosa poderia prejudicar a investigação. E que a indicação de interferência dele em CPI, "desde que dentro dos legítimos contornos da arena política, não configura ato indicativo de risco à aplicação da lei penal".

    Porém, a Justiça decretou outros pedidos de prisão em novas fases da operação. O quinto e último, de 14 de fevereiro, aponta desvio de R$ 300 milhões em contratos fraudulentos com uma empresa que abastecia os veículos do Estado e com outra que realizava obras em estradas.

    Aliados de Barbosa veem perseguição política da juíza Selma Arruda –a última operação foi deflagrada no mesmo dia em que outro habeas corpus seria julgado no Superior Tribunal de Justiça.

    A magistrada, porém, argumenta que toma suas decisões apenas após receber as denúncias do Ministério Público. E que são os indícios que mantêm Barbosa preso.

    "Algumas pessoas têm apenas uma acusação. O Silval tem cinco", diz a juíza.

    O ex-governador está preso no Centro de Custódia da Capital. Lá estão outros presos da Sodoma, como ex-secretários de seu governo. Em dias de visita, camionetes e carros sedan enfileiram-se diante do portão, em uma estrada de terra.

    O ex-governador era vice de Blairo Maggi (PR), atual ministro da Agricultura, que renunciou em 2010 para disputar o Senado. Barbosa terminou o mandato e venceu a eleição daquele ano, o que o manteve no cargo até 2014.

    O peemedebista recebe visitas de seu filho e da mulher, que já foram presos em fases anteriores da Sodoma, mas respondem em liberdade.

    Com menos frequência, aliados políticos também dizem visitar o ex-governador –um deles relata ter estado há dois meses na penitenciária. Afirma que o PMDB não tem o costume de abandonar um companheiro da estrada.

    SUSPEITA TUCANA

    Eles reclamam que a juíza não age com o mesmo rigor em denúncias envolvendo o atual governo, de Pedro Taques (PSDB).

    O empresário Alan Malouf, que também trabalhou para Barbosa, afirmou ao Ministério Público que ajudou a levantar fundos para o caixa dois da campanha de Taques, em 2014.

    E que participou de um esquema de fraudes em licitações em obras de escolas na Secretaria de Educação, já na administração tucana.

    Taques chama as afirmações de Malouf de "levianas e absurdas" e diz que as movimentações financeiras de sua campanha eleitoral foram regulares.

    O empresário teve a prisão decretada por Selma, e o pedido de habeas corpus, acatado por outra juíza, plantonista. Em 17 de fevereiro, o Ministério Público o denunciou novamente –a magistrada ainda se debruça sobre esses documentos.

    "Estou com recurso do MP para análise. Prefiro não me manifestar em relação ao mérito da decisão da outra magistrada. Está aqui e eu sinceramente não estou com pressa, porque há indícios fortes de que este cidadão pode ser mais útil dessa forma do que preso", argumenta Arruda.

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