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    Após polêmica, filial carioca de clube judaico faz convite a Bolsonaro

    THAIS BILENKY
    DE SÃO PAULO

    02/03/2017 02h00 - Atualizado às 09h27

    Ranier Bragon
    Bolsonaro se equipara a Trump e se diz 'muito feliz' com vitória do republicano
    O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que é pré-candidato à Presidência

    A filial carioca do clube judaico Hebraica convidou Jair Bolsonaro (PSC-RJ) para dar uma palestra ao considerar que a decisão de suspender evento similar na sede paulistana foi "precipitada", tendo em vista o interesse da comunidade no deputado.

    O presidente do clube no Rio, Luiz Mairovitch, procurou o filho do presidenciável e deputado estadual Flávio Bolsonaro na terça-feira (1), após a Folha noticiar que a Hebraica de São Paulo havia recuado.

    Na mesma data, Bolsonaro publicou vídeo em uma rede social vestindo camiseta com uma bandeira metade brasileira, metade israelense, em que afirma que ainda está em negociação com a Hebraica de São Paulo.

    Na publicação, ele fez um apelo para que seus seguidores assinassem petição endereçada à direção do clube. O abaixo-assinado, que continha cerca de mil nomes, foi encerrado com 33 mil.

    Para Mairovitch, a direção paulistana "se precipitou". "A Hebraica de São Paulo escutou Maluf, Lula, todo mundo. E não tenho dúvida de que a maioria da comunidade paulista quer escutá-lo também. Por isso a revolta", disse.

    A filial de São Paulo diz que pretende realizar um evento mais inclusivo, com todos os presidenciáveis.

    O presidente carioca considera Bolsonaro "hoje um nome muito forte e muito querido. Eu mesmo tenho simpatia, sim". O deputado chegou a 9% de intenção de voto para presidente em pesquisa Datafolha publicada em dezembro.

    Na carta ao deputado, Mairovitch afirma que faz o convite "sem querer contrariar ninguém, mas objetivando fazer jus ao Estado democrático de Direito".

    O cineasta Silvio Tendler, que se disse envergonhado por ter frequentado o clube na infância, reagiu com indignação. "Que coisa horrorosa convidar uma pessoa que defende tortura e uma ditadura na qual morreram muitos judeus", criticou.

    Tendler minimizou a relevância da Hebraica carioca. "Está tão esvaziada, não tem a força e a expressão que a de São Paulo ou de Buenos Aires têm. Virou um clube mixuruca, sem condição de falar em nome da comunidade."

    Um grupo que se intitula Judeus Progressistas afirmou que lançará novo manifesto contra o acolhimento de Bolsonaro em instituições que representem minorias, não apenas os judeus, como também gays e negros.

    "É quase que uma frente ampla de minorias", afirmou Mauro Nadvorny, um dos membros.

    O seu grupo colheu quase 4.000 assinaturas contra a palestra de Bolsonaro na Hebraica de São Paulo em uma petição que dizia que o deputado "idolatra a extrema direita neonazista e admira os torturadores da ditadura militar, a qual enaltece em todas as oportunidades".

    No vídeo, Bolsonaro afirmou que a afirmação é mentirosa. À Folha, disse que não se manifestaria.

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