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    Com licença de Eliseu Padilha, Temer busca nome interino para a Casa Civil

    GUSTAVO URIBE
    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    02/03/2017 18h15

    Beto Barata - 9.jan.2017/Presidência
    Eliseu Padilha e Michel Temer, durante evento no Rio Grande do Sul em 9.jan.2017
    Eliseu Padilha e Michel Temer, durante evento no Rio Grande do Sul, em janeiro

    Com a perspectiva de prolongamento da licença médica do ministro Eliseu Padilha, o presidente Michel Temer discute nomes que possam assumir interinamente a Casa Civil.

    A expectativa é que o ministro, submetido a cirurgia para retirada da próstata, amplie seu afastamento que se encerraria na segunda-feira (6) por pelo menos mais 30 dias, dando tempo ao presidente para calcular o dano de uma eventual saída dele do cargo.

    A ideia é que, licenciado temporariamente do posto, Padilha mantenha direito a foro privilegiado e reduza o desgaste que o agravamento de denúncias contra ele possam causar ao governo federal.

    Citado 45 vezes em delação premiada de um ex-executivo da Odebrecht, o ministro teve seu nome implicado em um novo episódio na semana passada. O amigo do presidente e ex-assessor presidencial, José Yunes, afirmou ter recebido a pedido de Padilha um "pacote" em 2014 entregue por Lúcio Funaro, operador ligado ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    A avaliação atual no Palácio do Planalto é que o ministro só será afastado definitivamente se virar réu, respeitando critério criado pelo presidente no mês passado.

    Segundo a Folha apurou, Temer cogitou inicialmente manter à frente do cargo o secretário-executivo, Daniel Sigelmann, mas tem sido aconselhado a colocar alguém de mais confiança e que tenha mais "jogo de cintura" para tratar tanto de questões administrativas como políticas.

    Com o perfil definido, os dois principais nomes considerados pelo presidente para assumir a estrutura interinamente são do assessor especial Rodrigo Rocha Loures e do subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale Rocha.

    O segundo chegou a ser cotado para o Ministério da Justiça, no final do mês passado, e o primeiro assumiria na semana que vem o mandato de deputado federal, mas tem a possibilidade de se licenciar para a nova função.

    Nas palavras de um assessor presidencial, ambos apresentam perfis técnicos para a Casa Civil, têm traquejo para a negociação de propostas e iniciativas com o Congresso Nacional e não têm perspectiva de serem atingidos pela Operação Lava Jato.

    Além disso, são ligados ao PMDB, o que reduziria a possibilidade de queixas das bancadas do partidos pela perda de mais um ministérios da chamada cozinha do Palácio do Planalto.

    JANOT

    Para assessores presidenciais, o adiamento do retorno de Padilha pode diminuir o desgaste do governo caso o ministro esteja entre os políticos que serão alvo da lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

    Nos próximos dias, Janot deve apresentar os primeiros pedidos de abertura de inquérito com base nas delações de executivos da Odebrecht, o que deve atingir ministros, senadores, deputados e governadores.

    Publicamente, Temer já criou sua linha de corte para assessores envolvidos na Lava Jato: caso denunciado, o nome será afastado temporariamente de seu cargo. Se virar réu, demitido. Padilha, porém, ainda não se encaixa em nenhuma das condições, mas a lista de Janot poderia mudar esse cenário.

    Desde a quinta-feira (23), quando Padilha pediu licença do cargo alegando motivos de saúde, auxiliares de Temer já davam como certo o adiamento do período em que o ministro ficaria afastado.

    Isso porque, avaliam auxiliares de Temer, esse tempo, por ora indeterminado, serviria para que o presidente pudesse fazer o cálculo do dano político de perder um de seus principais assessores.

    Durante o feriado de Carnaval, chegou a circular, nos bastidores do Planalto, a versão de que Temer havia sido informado, inicialmente, que a cirurgia a que Padilha seria submetido era "apenas uma raspagem" da próstata, o que acabou "evoluindo" para a retirada completa do órgão.

    A versão acabou funcionando como uma vacina para o prolongamento da licença do ministro.

    Padilha foi submetido à cirurgia na segunda-feira (27) e sairia do hospital nesta quarta-feira (1º). Segundo assessores, porém, a alta foi adiada por "precaução".

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