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    Delator da Odebrecht diz ter pago R$ 9 milhões em caixa 2 a Aécio e aliados

    WÁLTER NUNES
    DE SÃO PAULO
    MÔNICA BERGAMO
    COLUNISTA DA FOLHA

    02/03/2017 20h51

    Renato Costa - 15.mar.2016/Folhapress
    O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), fala com a imprensa nesta terça-feira (15), em Brasília (DF).
    O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG)

    O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedito Júnior, o BJ, disse em depoimento ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nesta quinta-feira (2) que a empreiteira baiana doou R$ 9 milhões em caixa dois para campanhas eleitorais do PSDB.

    O pedido de ajuda teria sido feito pelo próprio Aécio Neves, que em 2014 concorria à Presidência da República. Ele teria solicitado doação de recursos para outros candidatos da legenda, já que na época era presidente do PSDB.

    A assessoria de imprensa do tucano confirma que ele solicitou apoio para "inúmeros candidatos", mas que jamais pediu que a ajuda fosse feita por meio de caixa dois.

    Questionado sobre o assunto, o advogado de Aécio Neves, Flávio Henrique Pereira, afirma que "em momento algum o depoente afirmou que o senador pediu contribuição por meio de caixa dois, mesmo porque isso nunca ocorreu".

    O depoimento foi dado no processo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que investiga irregularidades da chapa eleita naquele pleito, com Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB).

    DELATORES NO TSE - Os executivos da Odebrecht que fizeram delação na Lava Jato e prestaram depoimento na ação contra a chapa Dilma-Temer

    Segundo o depoimento de BJ, a Odebrecht repassou R$ 6 milhões para serem divididos pelas campanhas de Pimenta da Veiga, Antonio Anastasia e Dimas Fabiano Toledo Júnior. Ainda de acordo com ele, outros R$ 3 milhões foram para o publicitário Paulo Vasconcelos, responsável pela campanha presidencial de Aécio Neves.

    Pimenta da Veiga foi o candidato tucano derrotado ao governo de Minas, em 2014, e Antonio Anastasia foi eleito ao Senado pelo partido. Dimas Fabiano foi eleito deputado federal aquele ano pelo PP mineiro. Ele é filho de Dimas Toledo, ex-diretor de Engenharia de Furnas, acusado de operar um esquema de propina na estatal.

    O ex-executivo da Odebrecht não pôde detalhar a acusação de caixa dois para Aécio porque foi interrompido pelo ministro Herman Benjamin, relator do processo no TSE. Segundo o ministro, os detalhes da doação a pedido do tucano não são pertinentes ao caso, que investiga apenas a chapa Dilma-Temer, apesar de terem, de acordo com ele, "relevância histórica".

    O processo contra Dilma e Temer foi movido pelo próprio PSDB, derrotado na eleição presidencial de 2014, com o próprio Aécio como candidato.

    OUTRO LADO

    Procurada, a assessoria de Aécio disse que o senador "solicitou, como dirigente partidário, apoio para inúmeros candidatos de Minas e do Brasil a diversos empresários, sempre de acordo com a lei". Segundo ele, "como já foi divulgado pela imprensa, o empresário Marcelo Odebrecht, que dirigia a empresa, declarou, em depoimento ao TSE, que todas as doações feitas à campanha presidencial do senador Aécio Neves em 2014 foram oficiais".

    A assessoria de Anastasia declarou que ele "nunca tratou, no curso de sua trajetória pessoal ou política, com qualquer pessoa ou empresa sobre qualquer assunto ilícito".

    Dimas Fabiano afirmou não conhecer o delator e negou ter recebido doações da Odebrecht. "Não conheço Benedito Barbosa Júnior. Nunca estive na Odebrecht e não conheço nenhum funcionário da Odebrecht", afirmou. Pimenta da Veiga não foi localizado pela reportagem.

    Na quarta (1º), o herdeiro do grupo, Marcelo Odebrecht, já havia declarado, no mesmo processo, que repassou R$ 15 milhões a Aécio na campanha de 2014, mas de maneira oficial.

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