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    Ministro do TSE ouve mais delatores da Odebrecht no caso Dilma e Temer

    DE BRASÍLIA

    06/03/2017 21h37

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 06-03-2017, 12h00: O ex-executivo da Odebrecht Alexandrino de Alencar é visto no aeroporto de Brasília ao desembarcar na cidade, vindo de São Paulo. Alexandrino irá prestar depoimento ao ministro Herman Benjamin, do TSE no processo que pede a cassação da Chapa Dima/Temer. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER) ***EXCLUSIVO***
    O ex-executivo da Odebrecht Alexandrino de Alencar no aeroporto de Brasília, onde depõe no TSE

    O ministro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Herman Benjamin ouviu nesta segunda (6) mais três ex-executivos da Odebrecht que firmaram acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.

    Benjamin é relator da ação que pede a cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer da eleição de 2014.

    Os ex-diretores Alexandrino Alencar e Cláudio Melo Filho, que tinham contato direto com políticos, e Hilberto Mascarenhas, ex-funcionário do setor de operações estruturadas, área de pagamentos ilícitos do grupo, começaram a ser ouvidos às 17h30 no TSE, em Brasília. Os depoimentos terminaram por volta de 21h30.

    Alencar e Melo Filho entraram pela garagem, no subsolo, para não serem vistos pelos jornalistas. Mascarenhas, o primeiro a chegar, seguiu pela portaria principal e usou uma pasta na tentativa de esconder o rosto.

    "Vai ser tudo bem", limitou-se a dizer sobre as expectativas para a oitiva.

    Em sua proposta de delação, Melo Filho relatou que o presidente Temer atuou de forma "indireta" na arrecadação financeira do PMDB em 2014. Segundo o delator, Temer pediu recursos a Marcelo Odebrecht para a campanha eleitoral durante jantar no Palácio do Jaburu. A empresa teria doado R$ 10 milhões ao partido.

    O vazamento do documento que continha a versão do ex-executivo foi o que provocou o ministro Benjamin a convocar os depoimentos de delatores da empreiteira.

    "Após a chegada de Michel Temer, sentamos na varanda em cadeiras de couro preto, com estrutura de alumínio. No jantar, acredito que considerando a importância do PMDB e a condição de possuir o Vice-Presidente da República como presidente do referido partido político, Marcelo Odebrecht definiu que seria feito pagamento no valor de R$ 10 milhões", relatou Melo Filho em sua pré-delação.

    Ele disse ainda que Temer incumbiu o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) de operacionalizar pagamentos de campanha.

    O ministro, disse o ex-executivo, cuidou da distribuição de R$ 4 milhões daqueles R$ 10 milhões: "Foi ele o representante escolhido por Michel Temer ""fato que demonstrava a confiança entre os dois"", que recebeu e endereçou os pagamentos realizados a pretexto de campanha solicitadas por Michel Temer. Este fato deixa claro seu peso político, principalmente quando observado pela ótica do valor do pagamento realizado, na ordem de R$ 4 milhões".

    Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do grupo, o primeiro a ser ouvido no processo do TSE, na última terça (1º), disse que Temer não negociou diretamente valores para a campanha, mas tratou do assunto de forma genérica. Odebrecht também confirmou o jantar no Jaburu.

    COMPRA DE APOIO

    Apontado como um dos ex-executivos da Odebrecht mais ligados ao PT e também ao ex-presidente Lula, Alexandrino Alencar foi quem detalhou, na sua delação premiada, o suposto esquema de compra de apoio da maioria dos partidos da chapa de Dilma e Temer em 2014.

    Ao todo, a Odebrecht desembolsou cerca de R$ 30 milhões para comprar sete legendas e aumentar o tempo da chapa na tevê.

    Na quinta (2), Fernando Reis, outro ex-executivo do grupo, disse que atuou na "compra" de apoio do PDT. Ele relatou que a Odebrecht se comprometeu a dar apoio entre R$ 4 milhões e R$ 7 milhões, que foram pagos em parcelas de R$ 1 milhão.

    Naquele ano, a coligação de Dilma e Temer contou com apoio do PDT, PC do B, PP, PR, PSD, PROS e PRB, além dos partidos da então candidata, o PT, e de seu vice, o PMDB.

    Hilberto, primeiro a depor nesta segunda, não tinha contato direto com políticos, mas era o responsável pelo setor que operacionalizava o pagamento de propina. Em delação, detalhou aos procuradores o modus operandi do setor.

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