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Ex-executivo da Odebrecht Hilberto Mascarenhas chega ao TSE, em Brasília |
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Poder
Thursday, 02-May-2024 00:05:48 -03Odebrecht movimentou US$ 3,3 bi em pagamentos ilícitos, diz delator
BELA MEGALE
LETÍCIA CASADO
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA07/03/2017 15h17
Ex-funcionário da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas disse nesta segunda (6) ao ministro Herman Benjamin, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que um departamento da empresa movimentou cerca de US$ 3,39 bilhões entre 2006 e 2014 em pagamentos ilícitos.
Deste valor, entre 15% a 20% –ou seja, de US$ 500 milhões a US$ 680 milhões– foram destinados para financiar campanhas eleitorais no Brasil via caixa dois. O restante era usado para pagar propina, obras e serviços no exterior.
Mascarenhas era funcionário do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, apontado pelos investigadores da Operação Lava Jato como "departamento da propina" da empreiteira. Ele é um dos 78 delatores da empreiteira na operação e prestou depoimento na ação que corre no TSE e investiga a chapa presidencial de 2014.
Do total de delatores, 77 tiveram negociação conjunta coordenada pela Odebrecht. O 78º, Fernando Migliaccio, fechou acordo depois, mas que foi homologado em conjunto com os outros pela ministra Cármen Lúcia, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal).
Mascarenhas disse que a empreiteira corrompeu agentes públicos, em Angola e na América Latina. Ele detalhou os pagamentos feitos aos marqueteiros do PT Duda Mendonça e João Santana.
Mascarenhas disse que era basicamente um operador financeiro da empreiteira.
VALORES ANO ANO
Mascarenhas detalhou os valores movimentados ano a ano pelo departamento.
A quantia foi crescendo ao longo da segunda metade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, e só reduziram em 2014, depois de deflagrada a Lava Jato.
Segundo ele, passaram pelo departamento US$ 60 milhões em 2006; US$ 80 milhões em 2007; 120 milhões em 2008; US$ 260 milhões em 2009; US$ 420 milhões em 2010; 520 milhões em 2011; US$ 730 milhões em 2012; US$ 750 milhões em 2013; e US$ 450 milhões em 2014.
Pagamentos ano a ano - Em US$ milhões
O QUE DISSERAM OS DELATORES
Executivos da Odebrecht prestaram depoimento ao TSEMarcelo Odebrecht
Ex-presidente e herdeiro do grupo, está preso desde junho de 2015O que disse
Afirmou que discutiu em jantar com Michel Temer contribuição para a campanha de 2014, que seria destinada ao seu grupo político no PMDB; disse que era o 'otário do governo' do PT por assumir obras que não queria fazer*Benedito Júnior
Ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, era um dos executivos mais próximos de Emilio e Marcelo OdebrechtO que disse
Disse que a empreiteira doou R$ 9 milhões em caixa dois para campanhas do PSDB. O pedido foi feito por Aécio Neves, que em 2014 concorria à PresidênciaFernando Reis
Ex-presidente da Odebrecht Ambiental, era um dos executivos que estavam sendo preparados para assumir posição de destaque no grupoO que disse
Disse que atuou na "compra" de apoio do PDT para a coligação Dilma-Temer. Ele relatou que a Odebrecht se comprometeu a dar apoio entre R$ 4 mi e R$ 7 miAlexandrino Alencar
Ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht. Era a pessoa dentro da empresa mais próxima do ex-presidente LulaO que disse
Disse que o ex-ministro Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma (PT) em 2014, sugeriu que a empreiteira doasse R$ 30 milhões em caixa dois para comprar apoio de partidosCláudio Melo Filho
Ex-vice-presidente de relações institucionais. Atuava como lobista em Brasília, responsável por defender os interesses do grupo no CongressoO que disse
Reafirmou que Temer pediu apoio da empreiteira ao partido durante as eleições de 2014. O relato também foi feito em sua delação premiada na Java JatoHilberto Mascarenhas
Responsável pelo setor de operações estruturadas, o departamento de propinas da empresaO que disse
Disse que o setor movimentou US$ 3,39 bilhões entre 2006 e 2014 em pagamentos ilícitos. Deste valor, entre 15% a 20% foram destinados para financiar campanhas via caixa dois*Segundo apuração da reportagem; os depoimentos estão em sigilo
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