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    Lava Jato

    Cabral recebeu propina em euros, diz ex-executivo da Andrade

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    07/03/2017 20h38

    Rafael Andrade/Folhapress
    O governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, aguarda sua vez de falar durante evento na Federacao das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) para o seminário Mapa do Desenvolvimento, no centro do Rio de Janeiro. (Rio de Janeiro (RJ). 20.08.2007. Foto de Rafael Andrade/Folhapress)
    O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral

    O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), preso na Operação Lava Jato, recebeu propina até em euros, segundo depoimentos prestados nesta terça (7) na Justiça Federal do Paraná.

    O pagamento na moeda estrangeira foi feito uma única vez, com notas de 500 euros.

    O dinheiro foi entregue num envelope a Carlos Miranda, homem de confiança de Cabral, segundo o depoimento de Alberto Quintaes, que era diretor-superintendente da Andrade Gutierrez no Rio de Janeiro.

    "Eram poucas notas e um volume grande de reais", disse o executivo.

    Ele foi uma das três testemunhas de acusação que depuseram na ação que corre no Paraná contra Cabral, acusado de ter recebido R$ 2,7 milhões em dinheiro pelo contrato de terraplanagem do Comperj, obra da Petrobras.

    Os três são executivos da Andrade Gutierrez, delatores da Lava Jato -e reafirmaram que foi o próprio governador que pediu a propina, equivalente a 1% do valor total do contrato.

    Cabral tratou do tema em reuniões no próprio Palácio da Guanabara, segundo Rogério Nora de Sá, que era presidente da construtora à época.

    Os pagamentos ocorreram em 2008, durante o primeiro mandato de Cabral. A maioria deles era em espécie, e todos eram entregues a Miranda, que também é réu na ação.

    "Ele vinha buscar e saía daqui com uma mochila", disse Quintaes. O pagamento em euros, especificamente, foi feito em São Paulo, e o dinheiro, retirado na sede da empreiteira.

    As propinas eram pagas, segundo os executivos, porque já "havia uma prática" no mercado e porque a empresa temia retaliações, em especial a de não receber pelas obras que tinha com o Estado do Rio.

    De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, os valores foram usados na compra de artigos de alto valor, como roupas de grife, móveis de luxo e blindagem de automóveis. O dinheiro pagou até vestidos de festa da ex-primeira-dama.

    OUTRO LADO

    A Folha não conseguiu entrar em contato com o advogado de Sérgio Cabral na noite desta terça (7).

    Em petição à Justiça, a defesa do peemedebista argumentou que a denúncia não descreve suficientemente quais condutas teriam sido praticadas por Cabral, e questionou a parcialidade dos delatores para deporem como testemunhas.

    O ex-governador já declarou que as acusações contra si são "uma mentira absurda" feita para "salvar delações", e negou qualquer tipo de envolvimento na cobrança de propina.

    A defesa de Carlos Miranda nega que seu cliente esteja envolvido em irregularidades.

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