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    Cardozo diz a Moro que caixa 2 é fruto 'da tensão política brasileira'

    ANGELA BOLDRINI
    DE SÃO PAULO

    13/03/2017 19h54 - Atualizado às 00h12
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    Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress
    Ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo concede entrevista após prestar depoimento na sede da Justiça Federal, em SP
    O ex-ministro José Eduardo Cardozo após prestar depoimento em São Paulo

    Em depoimento, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo afirmou que a prática de caixa dois é "perversa", mas "decorrente da tensão política brasileira".

    Cardozo afirmou na segunda (13) ao juiz Sergio Moro que "às vezes no caixa dois são drenados recursos oriundos da corrupção, e às vezes não".

    A declaração é semelhante à dada na semana passada à Folha pelo ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, em que afirmou ser possível que haja caixa dois sem corrupção.

    De acordo com ele, para que um candidato esteja envolvido em crimes como corrupção ou lavagem de dinheiro, "é indispensável que se demonstre que essa pessoa sabia que havia participado de contraprestação ou que tinha ciência, má-fé, que era uma ação dolosa".

    Caso contrário, o político em questão deveria ser responsabilizado apenas pela prática de caixa dois, disse.

    A tese de que o caixa dois é um delito mais brando e que deve haver uma distinção entre quem recebeu recursos por meio dele e quem obteve dinheiro para enriquecer vem sendo defendida por políticos como o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

    Cardozo foi arrolado como testemunha de defesa do ex-ministro Antonio Palocci (PT), réu na Lava Jato, e depôs em São Paulo.

    De acordo com o ex-advogado-geral da União, "muitas vezes o candidato não sabe a origem da doação". Ainda segundo ele, a corrupção no Brasil tem uma "dimensão estrutural", que "começou quando Pedro Álvares Cabral chegou".

    No depoimento, o ex-ministro defendeu o sistema de financiamento público de campanha e afirmou que a ex-presidente Dilma Rousseff era "intransigente" com "situações dessa natureza". Em 2014, disse, a então candidata teria dado "ordem muito clara" para que se declarassem as doações recebidas.

    Ele disse também não conhecer apelidos de Palocci, que seria o "Italiano" das planilhas de propina da empreiteira Odebrecht, segundo executivo da empresa.

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