Registrados na terça (14) no STF (Supremo Tribunal Federal), os 83 pedidos de investigação feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, incluem ao menos seis ministros e dois ex-presidentes.

A partir de agora, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, vai decidir se aceita ou não os pedidos para abrir os inquéritos e se manterá os casos sob sigilo. Não há prazo para Fachin tomar uma decisão.

No caso dos governadores, Janot pediu ao STF que envie as delações ao Superior Tribunal de Justiça, onde eles têm foro. Se Fachin acatar o pedido, a procuradoria pode então pedir ao STJ a abertura de inquérito, algo que ainda não foi decidido pelo procurador-geral.

Os nomes da "Lista de Janot" —como foi apelidado o conjunto de pedidos do procurador-geral— ainda não foram divulgados oficialmente, o que só ocorrerá caso o STF determine a quebra de sigilo sobre a investigação.

A Folha confirmou 39 nomes implicados nas solicitações de inquérito.

Veja, abaixo, quem são eles e como aparecem nas delações dos executivos da Odebrecht, que basearam o trabalho de Janot.

Eliseu Padilha
PMDB-RS
Cargo: Ministro da Casa Civil
Citação em delações: Segundo delação, teria intermediado repasse de R$ 4 milhões ao PMDB em 2014
Outro lado: Diz que não foi candidato em 2014 e que acusação é mentira

-

Moreira Franco
PMDB-RJ
Cargo: Ministro da Secretaria-Geral da Presidência
Citação em delações: Citado 34 vezes na delação de Cláudio Melo Filho, seria o "Angorá" das planilhas
Outro lado: Afirma que jamais falou de recursos para o PMDB com os delatores

-

Aloysio Nunes
PSDB-SP
Cargo: Ministro das Relações Exteriores
Citação em delações: Carlos Armando Paschoal relatou repasse de R$ 500 mil para campanha em 2010
Outro lado: Diz que os fatos que envolvem seu nome são mentiras

-

Bruno Araújo
PSDB-PE
Cargo: Ministro das Cidades
Citação em delações: Citado 5 vezes por Cláudio Melo Filho, que disse ter tido contato frequente com o deputado
Outro lado: Diz que solicitou doações à Odebrecht, mas que legislação permitia

-

Gilberto Kassab
PSD-SP
Cargo: Ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicações
Citação em delações: Segundo Cláudio Melo Filho, teria recebido R$ 2,1 milhões via caixa dois
Outro lado: Diz que doações às campanhas do PSD foram feitas dentro da lei

-

Marcos Pereira
PRB-RJ
Cargo: Ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
Citação em delações: Segundo "O Estado de S.Paulo", executivos dizem que ele negociou R$ 7 milhões em caixa 2 para campanha do PRB em 2014
Outro lado: Diz que PRB teve suas contas aprovadas e não tem conhecimento de qualquer recebimento de valor fora aqueles declarados à Justiça Eleitoral

-

Eunício Oliveira
PMDB-CE
Cargo: Presidente do Senado Federal
Citação em delações: Segundo Cláudio Melo Filho, teria recebido R$ 2,1 milhões via caixa dois
Outro lado: Afirma que as doações da Odebrecht foram declaradas

-

Rodrigo Maia
DEM-RJ
Cargo: Presidente da Câmara dos Deputados
Citação em delações: De acordo com Cláudio Melo Filho, recebeu R$ 500 mil em 2010 e R$ 100 mil em 2012
Outro lado: Todas as doações eleitorais recebidas foram legais e declaradas ao TSE

-

Renan Calheiros
PMDB-AL
Cargo: Senador
Citação em delações: Segundo o delator Cláudio Melo Filho, recebeu R$ 500 mil na campanha de 2010
Outro lado: Não comentou a lista; já afirmou não haver irregularidade em suas contas

-

Romero Jucá
PMDB-RR
Cargo: Senador
Citação em delações: O delator da Odebrecht afirma que recebeu repasses de R$ 4 milhões em 2010
Outro lado: Disse que "não há demérito em ser investigado, mas em ser condenado"

-

Aécio Neves
PSDB-MG
Cargo: Senador
Citação em delações: Benedicto Júnior diz que pagou R$ 9 milhões em 2014 para PSDB após pedido de Aécio
Outro lado: Valor foi registrado no TSE, segundo PSDB mineiro; diz desconhecer citação

-

José Serra
PSDB-SP
Cargo: Senador
Citação em delações: Executivos afirmaram que a campanha de 2010, recebeu R$ 23 milhões via caixa 2
Outro lado: Afirma que campanha foi de acordo com lei eleitoral

-

Edison Lobão
PMDB-MA
Cargo: Senador
Citação em delações: Ainda não há detalhes a respeito do suposto envolvimento do senador
Outro lado: Afirmou que a delação premiada "deve ser vista com reserva"

-

Lindbergh Farias
PT-RJ
Cargo: Senador
Citado em delações: Ele teria recebido R$ 2 milhões em caixa 2 para suas campanhas, segundo delação citada pela "Veja"
Outro lado: Diz que confia que investigações vão esclarecer os fatos e que o processo será arquivado

-

Jorge Viana
PT-AC
Cargo: Senador
Citado em delações: Segundo delator, ele recebeu R$ 300 mil em dinheiro da Odebrecht
Outro lado: Tem dito que nunca pediu ou recebeu recursos ilegais

-

Marta Suplicy
PMDB-SP
Cargo: Senadora
Citada em delações: Executivos dizem ter pago R$ 500 mil em caixa 2 para a campanha de 2010
Outro lado: Diz que não houve nenhuma delação da Odebrecht à sua campanha em 2010 e que todas as doações que recebeu foram declaradas à Justiça Eleitoral

-

Lídice da Mata
PSB-BA
Cargo: Senadora
Citada em delações: Cláudio Melo Filho disse que a Odebrecht repassou R$ 200 mil a ela
Outro lado: Não foi localizada

-

Marco Maia
PT-RS
Cargo: Deputado federal
Citado em delações: Cláudio Melo Filho disse que o deputado recebeu R$ 1,2 milhões em propina
Outro lado: Diz que todas as doações de campanha foram registradas e não pediu ou autorizou ninguém a pedir dinheiro

-

Andrés Sanchez
PT-SP
Cargo: Deputado federal
Citado em delações: Luiz Bueno e Benedicto Júnior dizem ter pago R$ 2,5 milhões em caixa dois na campanha de 2014
Outro lado: Nega o recebimento de qualquer valor e seu assessor parlamentar, citado na delação, também nega

-

José Carlos Aleluia
DEM-BA
Cargo: Deputado federal
Citado em delações: Recebeu R$ 300 mil, segundo Cláudio Melo Filho
Outro lado: Disse que todas as doações de campanha que recebeu foram legais e estão declaradas

-

Lúcio Vieira Lima
PMDB-BA
Cargo: Deputado federal
Citado em delações: Recebeu R$ 1 milhão para aprovar medida provisória, segundo delação
Outro lado: Não se posicionou

-

Paes Landim
PTB-PI
Cargo: Deputado federal
Citado em delações: Cláudio Melo Filho diz que Landim recebeu R$ 100 mil na campanha de 2010 via caixa dois
Outro lado: Diz que está "tranquilo" e que declarou no Tribunal Superior Eleitoral todas as doações que recebeu da Odebrecht

-

Luiz Inácio Lula da Silva
PT
Cargo: Ex-presidente da República
Citação em delações: Mencionado em várias delações, inclusive na do patriarca Emílio Odebrecht
Outro lado: Não se pronunciará "a partir do que circula na imprensa"

-

Dilma Rousseff
PT
Cargo: Ex-presidente da República
Citação em delações: Marcelo disse que conversou com Dilma, mas não tratou de contribuição
Outro lado: Defesa afirmou que não se pronunciará até saber conteúdo

-

Geddel Vieira Lima
PMDB-BA
Cargo: Ex-ministro
Citado em delações: Foi mencionado 67 vezes por Cláudio Melo Filho por recebimento de caixa dois e propina
Outro lado: Não se manifestou

-

Antonio Palocci
PT
Cargo: Ex-ministro (Fazenda e Casa Civil)
Citação em delações: Emílio Odebrecht afirmou que ele é o "Italiano" das planilhas de propina
Outro lado: Nega que seja o 'Italiano' das planilhas; não comentou lista

-

Guido Mantega
PT
Cargo: Ex-ministro (Fazenda)
Citação em delações: Marcelo Odebrecht disse que Mantega ajudou a aprovar MP que beneficiava a empresa
Outro lado: A defesa do ex-ministro não respondeu aos contatos

-

Sérgio Cabral
PMDB-RJ
Cargo: Ex-governador
Citado em delações: Benedicto Barbosa da Silva Júnior disse que Cabral recebeu propina em obras da Copa de 2014
Outro lado: Disse que manteve "relações institucionais" com a Odebrecht e que manifesta "indignação e repúdio ao envolvimento de seu nome com qualquer ilicitude"

-

Eduardo Cunha
PMDB-RJ
Cargo: Ex-deputado
Citado em delações: Foi mencionado 35 vezes em duas delações. Recebeu dinheiro nas campanhas de 2010 e 2014
Outro lado: Defesa refuta qualquer suspeita relacionada ao tema

-

Duarte Nogueira
PSDB-SP
Cargo: Prefeito de Ribeirão Preto
Citado em delações: Cláudio Melo Filho diz que ele recebeu R$ 350 em caixa dois na campanha de 2010
Outro lado: Afirma que todas as doações recebidas em suas campanhas eleitorais foram regularmente declaradas e aprovadas pelo TSE

-

Paulo Skaf
PMDB-SP
Cargo: Presidente da Fiesp, candidato ao governo em 2014
Citado em delações: Cláudio Melo Filho diz que ele recebeu R$ 6 milhões dos R$ 10 milhões prometidos por Marcelo Odebrecht a Michel Temer
Outro lado: Afirma por meio de nota que nunca pediu ou autorizou que pedissem doações de campanha "que não as regularmente declaradas em suas prestações de contas"

-

Edinho Silva
PT-SP
Cargo: Prefeito de Araraquara (SP)
Citado em delações: Alexandrino Alencar diz que ele pediu R$ 30 milhões por meio de caixa dois para chapa Dilma-Temer
Outro lado: Disse que falas de delator são "absurdas" e que nunca pediu doações que não fossem legais

-

Anderson Dornelles
PT-RS
Cargo: Ex-assessor de Dilma Rousseff
Citado em delações: Cláudio Melo Filho diz que ele pediu apoio financeiro a Marcelo Odebrecht, recebendo R$ 150 mil em 2013 e R$ 200 mil em 2014
Outro lado: Afirma que nunca esteve na sede da Odebrecht e nunca solicitou ajuda financeira nem pediu a terceiros que recebessem em seu nome

-

Geraldo Alckmin
PSDB-SP
Cargo: Governador de São Paulo
Citado em delações: Carlos Armando Paschoal afirma que a Odebrecht realizou pagamento de ao menos R$ 2 milhões em caixa dois, em dinheiro vivo, para as campanhas de 2010 e 2014
Outro lado: Não se manifestou sobre o pedido da Procuradoria-Geral da República, que está sob sigilo

-

Luiz Fernando Pezão
PMDB-RJ
Cargo: Governador do Rio de Janeiro
Citado em delações: Segundo a "Veja", delator disse que repassou R$ 23 milhões e 800 mil Euros à campanha de Pezão em 2014
Outro lado: Disse que está à disposição da Justiça e que outros inquéritos contra ele já foram arquivados

-

Fernando Pimentel
PT-MG
Cargo: Governador de Minas Gerais
Citado em delações: O ex-diretor João Carlos Mariz Nogueira disse, segundo o "G1", que fez repasses a Pimentel em troca de financiamento do BNDES. O governador era ministro do Desenvolvimento à época
Outro lado: Disse que não comenta informações não oficiais

-

Tião Viana
PT-AC
Cargo: Governador do Acre
Citado em delações: Recebeu da Odebrecht R$ 2 milhões de caixa dois para sua campanha ao governo do Acre, em 2010
Outro lado: Nega irregularidades e disse nunca ter se reunido com funcionários da Odebrecht

-

Beto Richa
PSDB-PR
Cargo: Governador do Paraná
Citado em delações: Nome do governador é citado em tabela de repasses da Odebrecht apreendida na casa de Benedicto Júnior, segundo a "Gazeta do Povo"
Outro lado: Disse que está tranquilo e que seu processo será arquivado

-

Renan Filho
PMDB-AL
Cargo: Governador de Alagoas
Citado em delações: Cláudio Melo Filho disse que repassou R$ 320 à campanha de Renan Filho
Outro lado: Não foi localizado