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    Inquieto, Alckmin tenta cacifar Doria para governo de SP

    THAIS BILENKY
    DE SÃO PAULO

    21/03/2017 02h00

    Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress
    O prefeito João Doria (à esq.) e o governador Geraldo Alckmin devem lançar novos programas em parceria
    O prefeito João Doria (à esq.) e o governador Geraldo Alckmin devem lançar novos programas em parceria

    Apesar da inquietação, aliados do governador Geraldo Alckmin (PSDB) têm se mostrado conformados com a impossibilidade de frear a especulação em torno de eventual candidatura de João Doria (PSDB) à Presidência.

    Na análise de alckmistas, Doria pagará um preço alto se partir para o enfrentamento com o governador, seu padrinho político, e deixar a prefeitura sem ter completado nem dois anos de gestão.

    Seria criticado pela deslealdade e por ter usado a prefeitura de trampolim, apostam. Além disso, tucanos paulistas observam que o PSDB não entregaria a candidatura a Doria de bandeja.

    Alckmin trabalha para se lançar ele próprio ao Planalto em 2018. Os senadores Aécio Neves e José Serra também aparecem na fila.

    Dada a dimensão que o caso tomou, interlocutores de Alckmin calculam que a conjuntura pode ajudar a cacifar Doria para disputar a sucessão no Estado. Faria um bom palanque para ele em SP e impediria rachas em sua base.

    Hoje, figura como potencial candidato ao Palácio dos Bandeirantes o vice-governador, Márcio França (PSB).

    Também podem entrar na disputa Serra e José Aníbal (PSDB), sondado para assumir uma secretaria estadual.

    Interlocutores de Alckmin demonstram confiança em sua candidatura nacional, com apoio de governadores e congressistas. Há, porém, incômodos com a atitude de Doria. Em público, o prefeito repete que seu candidato ao Planalto em 2018 é Alckmin.

    Tucanos dizem que o prefeito poderia por um basta nas especulações, mas não o faz. Pressionado, responde que está quieto, mas que não pode conter os seus aliados.

    Uma pessoa próxima ao prefeito disse que ele se mantém em silêncio, mas o assunto é recorrente em conversas que presencia. Já foram aventados até possíveis candidatos a vice: o mais forte é o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). O ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) também foi lembrado.

    Outro auxiliar de Doria afirmou que tudo não passa de especulação e que a melhor forma de contradizê-la é o trabalho em conjunto.

    Nesse sentido, o prefeito quer retomar projetos na área de saneamento em parceria com o Estado. O assessor reconhece a possibilidade de o prefeito disputar o governo "para ajudar Alckmin".

    No meio tempo, o apoio a Doria no Planalto cresce. Secretários municipais, empresários e movimentos sociais defendem a ideia. Na semana passada, o MBL (Movimento Brasil Livre) declarou ao jornal "O Estado de S. Paulo" ser favorável à ideia.

    Executivos de diversos setores, de cosméticos a infraestrutura, têm se entusiasmado. Veem seu nome como a melhor alternativa para derrotar Luiz Inácio Lula da Silva.

    Outro fator de inquietação no entorno de Alckmin é a Lava Jato. Ele foi citado em delações por suposto recebimento de caixa dois, em dinheiro vivo, para campanhas de 2010 e 2014. Duas pessoas próximas teriam sido intermediárias. Alckmin nega.

    No meio político, há a expectativa, porém, de que as acusações contra governadores, especialmente os tucanos, sejam mais brandas que as demais no rol da operação.

    O vice-procurador geral Bonifácio Andrada, que toca os processos no Superior Tribunal de Justiça, tem passado ligado ao PSDB –foi advogado-geral da União, no governo FHC, e de Minas, na gestão de Aécio. E tem bom trânsito com Gilmar Mendes.

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