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    Jornal do Espírito Santo sofre ações em série após charge sobre a PM

    DE SÃO PAULO

    23/03/2017 02h00

    Joel Silva - 12.fev.2017/ Folhapress
    VITORIA, ES, BRASIL-12-02-2017. Apos apelodo governo alguns policiais militares se apresentaram na Praca 8, centro de Vitoria. Crise na seguranca publica do Espirito Santo levou caos ao estado e a capital vitoria com a greve da policia militar :.. ( Foto: Joel Silva/ Folhapress ) *** COTIDIANO*** ( ***EXCLUSIVO FOLHA***)
    Policiais aposentados apresentam-se para trabalhar em Vitória (ES) durante greve dos PMs da ativa

    O jornal "A Gazeta", de Vitória (ES), vem sendo alvo de uma série de ações movidas por policiais militares que pedem indenização por danos morais e a retirada do ar de uma charge publicada no dia 18 de fevereiro.

    Na charge, assinada pelo cartunista conhecido como Amarildo, dois personagens, um vestido de bandido e outro de policial, assustam-se um com o outro, sob os dizeres "Carnaval 2017".

    O personagem vestido de bandido diz: "Calma! Eu sou um policial fantasiado de ladrão". O outro responde: "E eu, um ladrão fantasiado de policial. É um assalto!"

    A ilustração foi publicada no fim de semana que antecedeu o Carnaval oficial –quando os moradores da capital capixaba costumam celebrar a festa. Naquele momento, a PM estava em greve, em um movimento que durou de 4 a 25 de fevereiro.

    Na semana passada, "A Gazeta" foi notificada de cinco ações em curso contra a publicação da charge, quatro na região metropolitana de Vitória e uma em São Mateus, no norte do Espírito Santo.

    Segundo o editor chefe do jornal, Andre Hees de Carvalho, as quatro ações da Grande Vitória têm o mesmo texto. "Tudo indica que há uma ação orquestrada para incitar a abertura de ações para intimidar e inibir o nosso trabalho jornalístico", disse.

    Nesta quarta (22), o jornal publicou reportagem em que afirmou ter tido acesso a uma mensagem de WhatsApp que circulou entre policiais.

    A mensagem incita policiais a acionar a Justiça por meio de ações individuais e traz um e-mail e um número de telefone de contato para quem se interessar em processar o jornal.

    A corregedoria da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) local abriu um procedimento para apurar eventual captação irregular de clientes por parte de advogados.

    A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), a Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas) e a ANJ (Associação Nacional de Jornais) manifestaram, em nota conjunta, "preocupação" com o caso.

    "Recorrer à Justiça é um direito constitucional assegurado a todos. Mas a ação coordenada contra determinada publicação jornalística pode ganhar contornos de assédio judicial", afirmaram.

    No texto, as entidades lembraram o caso do Paraná, no ano passado, quando jornalistas da "Gazeta do Povo" foram acionados judicialmente em várias cidades do Estado –o que dificultou a defesa. O motivo foi a publicação de matérias sobre supersalários de juízes e promotores.

    "No caso de 'A Gazeta', é positivo assinalar que diferentes juízes do Estado já negaram liminar para retirar a charge dos meios eletrônicos em que está publicada", destaca a nota das entidades.

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