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    Por mais filiados, partidos pequenos tentam tirar as decisões de caciques

    JOSÉ MARQUES
    DE SÃO PAULO

    26/03/2017 02h01

    Gustavo Lima/Câmara dos Deputados
    A deputada Renata Abreu (PTN-SP), presidente de legenda que quer mudar de nome
    A deputada Renata Abreu (PTN-SP), presidente de legenda que quer lançar aplicativo

    Juntos, eles não têm 30 deputados na Câmara, mas são partidos que cresceram nas últimas eleições e, com discurso de modernização, prometem depender menos do aval de caciques para tomar decisões nos próximos anos.

    As mudanças são propostas para atrair filiados, mas muitas delas ainda são vagas e as direções partidárias não têm certeza se funcionarão.

    Legendas como PTN e PSL apelam para a troca de nome e desenvolvimento de aplicativos que orientem os rumos de seus quadros. Já o PHS defende a delegação de poderes às lideranças locais.

    O Partido Novo, que se define como uma legenda da direita liberal, iniciou uma espécie de "concurso público" para promover os seus candidatos de 2018.

    O PTN, que aguarda autorização da Justiça Eleitoral para mudar o nome para Podemos, elabora um aplicativo que definiria a tomada de decisões, a partir de escolha popular, dos seus 13 deputados.

    Assim, não seria mais o partido –e nem os próprios deputados– quem decidiria como votar em algumas matérias. Segundo a presidente do partido, deputada Renata Abreu (SP), esse seria um modelo de "democracia direta".

    Ela diz que o partido irá "incorporar as causas" da população. Mas não sabe ainda o que ocorrerá nos casos em que o candidato for eleito em defesa de uma bandeira e os usuários do aplicativo votarem contra o que ele defende. "Ainda estamos fazendo ajustes, criando esses critérios", diz. Promete, também, "novidades" em relação à direção da legenda, controlada por sua família, que também comanda o CTN (Centro de Tradições Nordestinas).

    Outra sigla com forte influência familiar é o PSL, cujo presidente de honra é Luciano Bivar, ex-presidente do Sport Club Recife.

    A legenda passa por uma reformulação comandada pelo Livres, uma tendência interna de jovens liberais (em economia e costumes) que, caso seja bem-sucedida em eleições futuras, pode passar a denominar a legenda.

    No horário gratuito de TV do PSL, o tempo de exibição foi dado ao Livres, do qual faz parte o presidente da legenda, Antonio de Rueda, ligado aos Bivar. Ele diz que o partido também prepara um aplicativo, somente interno, para que os filiados com melhor pontuação sejam escolhidos para se candidatar a cargos. "Será como um Uber do PSL", diz, em referência ao aplicativo de transporte em que condutores ganham notas de passageiros.

    Rueda afirma que todos os membros da legenda terão que assinar um termo de compromisso em que concordam com posições como "governo deve respeitar o direito dos indivíduos adultos de consumir alimentos, bebidas e outras substâncias de acordo com suas escolhas, ainda que consideradas nocivas por terceiros". Caso não assinem, avalia a criação de uma espécie de "plano de demissão voluntária" para desfiliação do partido.

    Porém, o documento ainda não é referendado por pessoas que entraram no partido por conveniência política. Marcelo Nilo, presidente do diretório baiano, onde o partido elegeu mais prefeitos, diz que "não leu o termo" e que ainda irá conversar com Bivar sobre as mudanças na legenda.

    O PHS é menos ideológico. O partido, que atualmente tem como seu principal destaque o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, tem como bandeira dar total independência às direções locais.

    "Não atropelo companheiro. Nós temos crescido por causa dos nossos pilares de respeitos aos dirigentes estaduais e municipais", diz o presidente nacional da legenda, Eduardo Machado.

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