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    Lava Jato

    Doleiro cobrava 3% por repasses de dinheiro na Lava Jato

    FELIPE BÄCHTOLD
    DE SÃO PAULO

    29/03/2017 02h04

    Paulo Lisboa/Folhapress
    Alberto Youssef deixa a sede da Justiça Federal, em Curitiba, após colocar tornozeleira eletrônica; o doleiro cumprirá prisão domiciliar em SP
    Alberto Youssef, após deixar a prisão no Paraná, em novembro

    Mais notável operador nos primeiros anos da Lava Jato, Alberto Youssef tinha funcionários destacados para entregas de dinheiro "em todo o Brasil". Ele disse que fazia o caixa dois de empreiteiras e costuma descrever entregas de dinheiro vivo sem especificar se eram pagamentos para campanha ou não.

    Um dos funcionários, o policial Jayme Alves de Oliveira, chamado de Jayme Careca, se tornou conhecido na primeira "lista de Janot" devido a uma planilha de pagamentos chamada "Transcareca". Jayme afirmou em depoimento que ganhava de R$ 1.000 a R$ 1.500 por entrega feita. Youssef disse que cobrava da empreiteira OAS o percentual de 3% sobre o valor dos depósitos feitos.

    Ele chegou a afirmar à Justiça que providenciava entregas em "quaisquer lugares" do país que fossem determinados, quando trabalhou com a OAS. A origem dos recursos, afirmou, eram contratos fraudulentos de consultoria firmados com empresas suas pelas construtoras.

    Outro de seus funcionários, Rafael Ângulo Lopez, que virou delator, disse que fazia entregas de até R$ 600 mil e que, "dependendo da pessoa", elas aconteciam até três vezes por semana. Lopez também disse que viu políticos retirando dinheiro em um escritório de Youssef em São Paulo, como o ex-deputado Pedro Corrêa, do PP.

    O doleiro descreveu ainda triangulações no exterior para que os recursos de caixa dois fossem disponibilizados no Brasil.

    EMPRESAS 'NOTEIRAS'

    As construtoras também cometiam uma série de irregularidades para "comprar" dinheiro em espécie.

    As investigações e os delatores apontaram que elas usavam serviços de operadores chamadas de "noteiras", que forneciam notas fiscais de serviços inexistentes e, com isso, geravam dinheiro vivo, mediante uma comissão de cerca de 20%.

    O caixa dois na Lava Jato também ocorria por meio de quitação direta de contratos indiciados por líderes de campanha. Os exemplos mais conhecidos foram os pagamentos diretos, a mando do PT, do marqueteiro João Santana pelo estaleiro Keppel Fels e pela Odebrecht.

    Ex-executivos da Andrade Gutierrez também afirmaram que a construtora bancou a contratação da agência de comunicação Pepper Interativa, para o PT.

    O partido vem sustentando que os pagamentos de campanha foram legais.

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