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    Lava Jato

    Lava Jato denuncia operadores suspeitos de repassar propina ao PMDB

    DE CURITIBA

    31/03/2017 19h16 - Atualizado às 19h28

    Reprodução
    O lobista Jorge Luz, preso na Operação Lava Jato, em foro de 1993
    O lobista Jorge Luz, preso na Operação Lava Jato, em foto de 1993

    A força-tarefa da Operação Lava Jato ofereceu denúncia, nesta sexta (31), contra os operadores Jorge Luz e Bruno Luz, suspeitos de serem operadores do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras.

    Pai e filho, eles estão presos preventivamente e são acusados de movimentar US$ 42,5 milhões em propina em contratos de navios-sonda na estatal.

    Os beneficiários seriam funcionários da Petrobras e políticos ligados ao PMDB -um deles, segundo o Ministério Público, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    Os nomes dos políticos beneficiados não foram divulgados, assim como a denúncia, que ainda está sob sigilo.

    Os pagamentos, de acordo com a Procuradoria, ocorriam por meio de contas no exterior, abertas e operadas pelos Luz.

    Também são acusados na denúncia os empresários Milton e Fernando Schahin, do grupo Schahin, que firmou um dos contratos em troca de propina de US$ 2,5 milhões; os doleiros uruguaios Jorge e Raul Davie, que indicaram contas para o repasse de propina a políticos; e os ex-funcionários da Petrobras Agosthilde Mônaco, Demarco Epifânio e Luis Carlos Moreira, da área Internacional, que teriam recebido parte dos valores.

    Cabe agora ao juiz Sergio Moro decidir se aceita ou não a acusação. Em caso positivo, os denunciados se tornarão réus e terão que responder pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

    O advogado de Jorge e Bruno Luz, Gustavo Teixeira, afirmou que ainda não teve conhecimento da denúncia e que só irá se manifestar depois de ter acesso aos autos.

    A defesa vem afirmando que pai e filho estão dispostos a colaborar com as investigações "de maneira profícua e profunda". No passado, Jorge Luz tentou fazer delação premiada quando começou a ser citado na operação, mas não teve sucesso.

    A Folha não havia conseguido contato com as defesas dos demais acusados até o início da noite desta sexta (31).

    PERFIL

    Jorge Luz, 73, engenheiro, é considerado por investigadores como "o operador dos operadores"

    A maior parte dos valores movimentados por ele foi direcionada a membros da bancada do PMDB no Senado, informou o Ministério Público Federal, na época da prisão de Luz.

    Luz começou a atuar na Petrobras na época do governo de José Sarney (PMDB), em 1986, segundo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que o mencionou em sua delação.

    Sua proximidade da diretoria da estatal era tão grande que ele estacionava seu carro em vagas reservadas para diretores, segundo contou o ex-senador Delcídio do Amaral, também em delação.

    Entre os políticos com quem tinha relação, estão o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), Jader Barbalho (PMDB-PA) e Silas Rondeau, ex-ministro de Minas e Energia, afirmou Delcídio.

    Luz também foi citado por delatores como o operador Fernando Baiano, de quem é considerado uma espécie de "patrono", e Nestor Cerveró, que o apontou como o idealizador do apoio político do PMDB à diretoria Internacional da Petrobras.

    O lobista considerava que o setor seria "um bom filão" para a obtenção de recursos para as campanhas eleitorais do partido.

    Segundo a investigação, ele operava em parceria com o filho, Bruno Luz.

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