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    Lava Jato

    Irmã de Aécio chora e diz que não recebeu propina pelo tucano

    DE SÃO PAULO

    02/04/2017 15h30

    Em vídeo em que chora e diz que gostaria de olhar nos olhos de todos para provar a inocência, a jornalista Andrea Neves repete gesto do irmão, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), e rebate a acusação de que o tucano teria recebido propina da Odebrecht em uma conta bancária em Nova York operada por ela.

    Andrea Neves

    Andrea, 58, diz que provará a inocência dos Neves. "Pra mim, como disse meu irmão ontem à noite, pouco interessa agora quem mentiu, quem é o mentiroso, se o delator ou a fonte da revista. O que interessa é a mentira. Eu não sei o que está acontecendo para tanto ódio e tanta irresponsabilidade, atacar de forma tão covarde a vida das pessoas."

    Em reportagem publicada na sexta-feira (31), a "Veja" afirmou ter tido acesso ao conteúdo da delação de Benedicto Junior, ex-­pre­sidente da Odebrecht Infraestrutura.

    Segundo a revista, BJ, como é conhecido o executivo, afirmou na delação –já homologada no Supremo Tribunal Federal– que os repasses a Aécio foram "contrapartida" ao atendimento de interesses da empreiteira em obras como a da Cidade Administrativa, em Minas, e da usina de Santo Antônio, em Rondônia, onde a Cemig (estatal mineira) integrou um consórcio.

    Karime Xavier/Folhapress
    SÃO PAULO / SÃO PAULO / BRASIL -29 /08/14 -11 :00h - Retrato de Andréa Neves, a irmã do senador Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência. Andréa é o braço direito de Aécio e é a responsável por traçar a estratégia de marketing do irmão desde sua primeira eleição. ( Foto: Karime Xavier / Folhapress). PODER ***EXCLUSIVO*** ***NÃO USAR SEM AUTORIZAÇÃO DA FOTOGRAFIA***
    Andrea Neves, a irmã do senador tucano Aécio Neves

    Primeiro Andrea se dirige a um espectador genérico. "Gostaria de poder olhar no seu olho, embora não te conheça, pra garantir que isso é mentira e que vamos provar", diz.

    Depois, fala a conhecidos, com voz embargada. "Gostaria de poder olhar no olho... [pausa para chorar]. Desculpa... De cada pessoa que eu conheço, de cada amigo, de cada pessoa que acompanha nosso trabalho, pra dizer é mentira, e nós vamos provar."

    Enfim, evoca "duas pessoas que me conhecem tão bem", a mãe e a filha. "Fiquem tranquilas, não sofram por nós, porque nós vamos provar que é mentira."

    Andrea está entre os principais conselheiros de Aécio na política. Durante o governo do tucano em Minas (2003-10), ela cuidou da área de comunicação.

    No sábado (1º), Aécio convocou uma coletiva de imprensa e disse que, no mesmo dia, protocolaria duas petições no STF para pedir acesso à delação de BJ e solicitar que o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na corte, apure o vazamento do conteúdo de colaborações de empresários com a força-tarefa.

    Presidente nacional do PSDB, o senador o se disse "vítima de ataques e incompreensões" e afirmou que a informação é "falsa, criminosa e irresponsável".

    No vídeo, Andrea corrobora as palavras do irmão. "Ontem à noite o advogado desse delator desmentiu a revista, dizendo que seu cliente jamais tocou no meu nome ou na existência dessa falsa conta lá fora."

    DESAGRAVO

    Líderes do PSDB divulgaram neste domingo (2) uma carta em desagravo a Aécio Neves, criticando "falsas acusações" e "a prática de vazamentos seletivos e mentirosos que encontram eco em práticas editoriais e jornalísticas pouco responsáveis".

    Assinaram a nota os governadores Geraldo Alckmin (São Paulo), Marconi Perillo (Goiás), Beto Richa (Paraná), Pedro Taques (Mato Grosso), Reinaldo Azambuja (Mato Grosso do Sul) e Simão Jatene (Pará); os ministro Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo), Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Bruno Araújo (Cidades) e Luislinda Valois (Direitos Humanos); os líderes do partido no Senado (Paulo Bauer) e na Câmara (Ricardo Tripoli), o presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal, e movimentos sociais da legenda.

    O episódio "gerou perplexidade em todo o país, especialmente após o advogado do delator informar que o conteúdo divulgado não faz parte da delação de seu cliente", diz o texto.

    Leia a nota na íntegra:

    "Reportagem de capa divulgada pela revista Veja dessa semana com falsas acusações ao presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, gerou perplexidade em todo o país, especialmente após o advogado do delator informar que o conteúdo divulgado não faz parte da delação de seu cliente.

    O PSDB nasceu na luta pela liberdade, pela democracia, pela transparência, pela ética e pela Justiça.

    É por isso que defendemos a Lava Jato e o combate sem tréguas à corrupção que mina as instituições. E nessa travessia difícil e complexa um compromisso é absolutamente essencial: a busca da verdade.

    Porém é inaceitável a prática de vazamentos seletivos e mentirosos que encontram eco em práticas editoriais e jornalísticas pouco responsáveis. Esses vazamentos, movidos por propósitos obscuros, buscam lançar uma névoa sobre a vida pública brasileira manchando injustamente a imagem de pessoas de bem. Retiram de seus alvos o direito à ampla defesa, ferindo frontalmente a própria constituição.

    A retirada do sigilo sobre os inquéritos e delações no âmbito da Lava Jato torna-se fundamental para que a verdade possa emergir a partir do contraditório no legítimo e transparente processo judicial. E, assim, inocentes sejam preservados e corruptos, punidos. Não há democracia e República sólidas com cidadãos fragilizados em seus direitos constitucionais básicos.

    Por tudo isso, nós, governadores, senadores, deputados federais e demais lideranças do PSDB, manifestamos com firmeza e indignação nosso repúdio ao ataque covarde e mentiroso sofrido pelo nosso presidente nacional, senador Aécio Neves, com base em informações falsas e absurdas.

    O senador Aécio Neves tem 30 anos de dedicação à vida pública. É inadmissível a tentativa de misturá-lo com o mar de lama de corrupção sem precedentes apurado pela Lava jato e por ele próprio denunciado em 2014.

    Estamos seguros que, ao final, ficará demostrada a falsidade dos fatos relatados e seus autores responsabilizados."

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