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    Lava Jato

    Odebrecht diz que deu R$ 3 mi a membro de fundo do FGTS

    WÁLTER NUNES
    DE SÃO PAULO

    07/04/2017 02h00

    Janine Costa/REUTERS
    Odebrecht paga R$ 30 milhões para encerrar ação por trabalho análogo a escravidão
    Sede da Odebrecht, em São Paulo

    O ex-presidente da Odebrecht Energia Henrique Valladares disse, em seu acordo de delação premiada no âmbito da Lava Jato, que a empresa pagou, em 2009, R$ 3 milhões a André Luiz de Souza, que na ocasião era conselheiro do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS).

    O pagamento, segundo o delator, foi justificado como se fosse uma "consultoria" vinculada a uma demanda referente à usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia.

    Após o suposto pagamento para o conselheiro, o Fundo de Investimento do FGTS adquiriu R$ 1,5 bilhão em debêntures emitidas pela Madeira Energia S.A., consórcio para a construção e exploração da hidrelétrica que tem a Odebrecht Energia como sócia. Debêntures são papéis de dívida privada que rendem juros aos investidores.

    A negociação para o repasse dos R$ 3 milhões, segundo o delator, foi feita entre André de Souza e Rogério Ibrahim, então diretor responsável pela estruturação financeira da construção da usina de Santo Antônio.

    Entenda a operação Lava Jato

    Após o acerto entre as partes, a ordem para o pagamento teria sido enviada para o setor de operações estruturadas da Odebrecht, classificada pelos investigadores como "departamento de propina" da empreiteira. Souza recebeu sua comissão em dinheiro vivo, segundo o relato.

    OUTRAS INVESTIGAÇÕES

    Conforme a Folha adiantou, André Luiz de Souza já foi citado em pelo menos duas outras delações premiadas de executivos da Odebrecht.

    Segundo relato de Fernando Cunha Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental, a companhia baiana pagou em 2009 R$ 8 milhões a título de "consultoria" para que Souza ajudasse uma das empresas do grupo a captar R$ 650 milhões do próprio fundo.

    André recebeu o pagamento, segundo o delator, após o fundo comprar 25% das ações da Odebrecht Ambiental.

    O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior, conhecido como BJ, também citou o ex-conselheiro em sua delação premiada. Ele disse que às vésperas da eleição de 2010 a Odebrecht negociou pagamento de R$ 13,5 milhões para que André de Souza facilitasse um negócio bilionário com a companhia baiana.

    O dinheiro pago a Souza seria uma contrapartida de 1% à aprovação de um aporte de R$ 1,3 bilhão do FI-FGTS para adquirir 30% da Odebrecht Transport Participações, empresa recém-criada pelo grupo.

    Souza também já foi delatado pelos donos da Carioca Engenharia, Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Junior.

    Os empresários afirmam ter feito cinco repasses a ele no exterior. Os depósitos somaram US$ 400 mil e foram feitos em uma conta de um banco em Genebra, na Suíça.

    A empresa offshore que teria sido usada para transferir dinheiro é a mesma que serviu para repassar propina a nove contas no exterior em benefício do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso no Paraná.

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