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    Lava Jato

    Lula negociou caixa dois a campanha de Haddad, diz delator da Odebrecht

    DE SÃO PAULO

    12/04/2017 10h28 - Atualizado às 14h28

    Fabio Braga-25.set.2016/Folhapress
    Lula durante campanha com Haddad no Jardim da Conquista, em São Mateus, na zona leste de SP
    Lula durante campanha com Haddad no Jardim da Conquista, em São Mateus, na zona leste de SP

    O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), enviou para a Justiça em São Paulo relatos de delatores da Odebrecht que afirmam ter feito doações por meio de caixa dois à campanha do petista Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo com a expectativa da aprovação de medidas favoráveis aos interesses da companhia.

    Segundo os delatores, as transações foram ajustadas entre executivos do grupo –principalmente Alexandrino Alencar e Marcelo e Emílio Odebrecht– com o ex-presidente Lula e "outros integrantes do PT".

    Os três colaboradores, escreve o ministro Fachin, noticiaram o "pagamento de valores em favores de João Santana", que seriam "obrigações decorrentes da mencionada eleição".

    O que é o caixa 2?

    A empresa, segundo os delatores, buscava –além da aprovação de medidas legislativas de seu interesse– a concessão de incentivos fiscais pela Prefeitura de São Paulo. No documento assinado por Fachin, não há menção sobre os valores delatados.

    INVESTIGAÇÃO

    O ministro Edson Fachin determinou a abertura de inquérito contra oito ministros do governo Michel Temer (PMDB), 24 senadores e 39 deputados federais. Serão abertas 76 investigações pedidas pela Procuradoria-Geral da República após as delações da Odebrecht.

    Entre os citados estão os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB). Dois dos principais aliados de Temer, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secreraria-Geral), também estão na lista, que abrange ainda os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros, do PMDB, e Aécio Neves (PSDB).

    No total a relação tem 98 nomes e inclui três governadores e um ministro do Tribunal de Contas da União. Algumas suspeitas da Procuradoria são corrupção, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, fraude e cartel. Fachin remeteu 201 outros casos a tribunais de instâncias inferiores envolvendo citados sem foro no Supremo –entre os mencionados estão os ex-presidentes Lula, Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso.

    Os inquéritos iniciam longo trâmite. Investigarão o teor das delações, que precisarão de provas adicionais para tornar-se efetivas. Ainda há as fases de denúncia e do processo, com ampla defesa, antes do julgamento.

    OUTRO LADO

    Em nota divulgada nesta quarta (12), o Instituto Lula afirmou que os advogados do ex-presidente não tiveram acesso aos depoimentos que embasam os pedidos de inquérito contra ele.

    "O ex-presidente Lula e seus familiares tiveram seus sigilos fiscais e telefônicos quebrados, sua residência e de seus familiares sofreram busca e apreensão há mais de um ano, mais de cem testemunhas foram ouvidas em processos e não foi encontrado nenhum recurso indevido ou ilegalidade cometida pelo ex-presidente", diz o texto.

    Sua defesa nega que o petista tenha solicitado ou recebido "qualquer recurso indevido" da Odebrecht ou de "qualquer outra empresa". E afirma que ele "sempre agiu dentro da lei antes, durante e depois de ser presidente da República".

    Por meio de sua assessoria de imprensa, o ex-prefeito Fernando Haddad afirmou que "com relação a Odebrecht, sua administração contrariou os dois principais interesses da empresa na cidade, ao suspender a principal obra da empreiteira [o túnel que ligava a avenida Roberto Marinho à Imigrantes] e rechaçou a proposta feita pela companhia para que a Prefeitura recomprasse os CIDs da Arena Corinthians".

    "As duas decisões foram amplamente divulgadas pela própria imprensa. As informações da empresa, portanto, não fazem o menor sentido", conclui a nota de Haddad.

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