• Poder

    Friday, 03-May-2024 05:28:09 -03

    Lava Jato

    Collor recebeu caixa 2 com a promessa de ajudar a Odebrecht em Alagoas

    WÁLTER NUNES
    DE SÃO PAULO

    12/04/2017 19h29

    O senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL), ex-presidente da República, recebeu R$ 800 mil em caixa dois de campanha, em 2010, com a promessa de ajudar a Odebrecht a entrar no setor de saneamento básico no Estado de Alagoas, segundo delatores da Odebrecht.

    A história é contada por Fernando Cunha Reis e Alexandre Barradas, que eram, respectivamente, presidente e diretor da Odebrecht Ambiental. Eles relatam que participaram de uma reunião no dia 12 de agosto de 2010 na casa de Collor, em Maceió.

    No encontro, eles falaram sobre problemas de Alagoas na área de saneamento e a intenção da Odebrecht de investir no setor, inclusive com a privatização da empresa estatal. Collor, então candidato ao governo, ouviu a demanda dos executivos e fez um "pedido de vantagem indevida".

    Eduardo Anizelli-11.mai.2016/Folhapress
    O senador Fernando Collor de Melo (PTC-AL) discursa durante sessão do impeachment de Dilma Rousseff
    O senador Fernando Collor de Melo (PTC-AL) discursa em sessão do impeachment de Dilma Rousseff

    O senador disse que só poderia dar seguimento às propostas sugeridas por Reis se ganhasse a eleição. Para isso, precisava de contribuição de campanha.

    Na visão dos executivos da Odebrecht, valeria a pena apostar na candidatura de Collor por ele ser uma forte liderança "capaz de enfrentar o corporativismo da Casal (Companhia Estadual Alagoana de Saneamento), que emperraria a realização dos projetos de parcerias em Maceió". Para eles, Collor estaria alinhado com os propósitos da Odebrecht.

    Collor e Reis acertaram uma doação de R$ 800 mil. A entrega do dinheiro foi ajustada entre Barradas e Euclydes Mello, aliado e ex-suplente de Collor no Senado.

    A ordem para o repasse foi feita via o setor de operações estruturadas e o pagamento foi em dinheiro vivo. Na planilha do setor de operações estruturadas, Fernando Collor é identificado pelo codinome Roxinho.

    OUTRO LADO

    O senador Fernando Collor divulgou nota rebatendo as acusações dos delatores da Odebrecht. "Nego, de forma veemente, haver recebido da Odebrecht qualquer vantagem indevida não contabilizada na campanha eleitoral de 2010."

    O que é o caixa 2?

    INVESTIGAÇÃO

    O ministro Edson Fachin determinou a abertura de inquérito contra oito ministros do governo Michel Temer (PMDB), 24 senadores e 39 deputados federais. Serão abertas 76 investigações pedidas pela Procuradoria-Geral da República após as delações da Odebrecht.

    Operação Lava Jato

    Entre os citados estão os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB). Dois dos principais aliados de Temer, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secreraria-Geral), também estão na lista, que abrange ainda os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros, do PMDB, e Aécio Neves (PSDB).

    No total a relação tem 98 nomes e inclui três governadores e um ministro do Tribunal de Contas da União. Algumas suspeitas da Procuradoria são corrupção, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, fraude e cartel. Fachin remeteu 201 outros casos a tribunais de instâncias inferiores envolvendo citados sem foro no Supremo –entre os mencionados estão os ex-presidentes Lula, Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso.

    Os inquéritos iniciam longo trâmite. Investigarão o teor das delações, que precisarão de provas adicionais para tornar-se efetivas. Ainda há as fases de denúncia e do processo, com ampla defesa, antes do julgamento.

    Chamada - A lista de Fachin

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024