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    Lava Jato

    Temer diz 'compartilhar indignação' do povo com delação da Odebrecht

    DE BRASÍLIA

    15/04/2017 22h17

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Michel Temer participa de assinatura de atos em prol das mulheres
    O presidente da República, Michel Temer (PMDB)

    O presidente Michel Temer afirmou neste sábado (15) que entende e compartilha a indignação dos brasileiros com o conteúdo das delações da Odebrecht e que já esperava uma lista "robusta" de pessoas citadas pelos ex-executivos da empresa.

    "Eu compartilho essa indignação. É legítima, é quase assustador", afirmou. "Nós sabíamos mais ou menos que seria isso. Temos de compreender essa indignação e praticar gestos para superar essa indignação fazendo com que o país vá para a frente", afirmou o presidente em entrevista ao canal de TV Band.

    O presidente voltou a negar que tenha pedido recursos ilegais para a empreiteira em um jantar em 2010, ano em que concorreu ao cargo de vice-presidente na chapa da petista Dilma Rousseff.

    Temer afirmou que o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse a ele que uma pessoa, Márcio Faria, ex-executivo da Odebrecht que iria contribuir para a campanha, queria conhecê-lo e "pegar na sua mão".

    "Não tratamos de nenhuma questão de valores, nada disso. O objetivo central era me cumprimentar. Não se falou de nenhum tema escuso."

    O presidente disse que gravou um vídeo nesta semana para se defender desta acusação por se tratar de uma situação constrangedora e para se explicar às pessoas que não o conhecem tão bem.

    "Para quem está na vida pública há tanto tempo como eu, e sem manchas, é muito desagradável ouvir aquele depoimento, é constrangedor", afirmou. "As pessoas que não me conhecem ficam com aquela sensação de 'mas como, o Temer também, que coisa desagradável'."

    BAIXA POPULARIDADE

    Sobre a saída de ministros do governo por causa dos inquéritos, Temer afirmou que mantém a regra de só afastar aqueles que forem denunciados após a investigação autorizada agora pelo STF (Supremo Tribunal Federal), mas que "pode ser que o próprio ministro se sinta desconfortável e queira sair" antes disso.

    O presidente afirmou também que a demissão de um ministro poderia atrapalhar sua relação com o Congresso, que também tem muitas pessoas citadas na delação e que é sua base de apoio hoje. Temer disse que, com baixo índice de popularidade e com uma imprensa que o apoia "às vezes", governa "ancorado pelo Congresso Nacional".

    Temer reafirmou ainda ser contra uma proposta de anistia ao caixa 2, que, se aprovada pelo Congresso, seria vetada por ele. Disse, no entanto, que se os parlamentares aprovarem uma lei que tipifica caixa 2 como crime, entende que esse crime não poderá retroagir.

    O presidente disse ainda que tentará fazer "brevemente" uma reunião entre órgãos de controle (TCU e CGU) e o ministério público para ver se é necessário mudar a legislação para dar segura a empresas que assinam acordo de leniência. "O que precisamo é dar segurança jurídica para quem assina o acordo seguir suas atividades."

    IMPOSTO SINDICAL

    O presidente também falou sobre a reforma trabalhista e disse que, se o Congresso acabar com o imposto sindical (desconto anual obrigatório de um dia de salário para os sindicatos) poderá estudar uma compensação.

    Disse ainda que, pessoalmente, não mexeria nesse tema, mas que os parlamentares já indicaram que a extinção é inevitável.

    "Se realmente for eliminada a contribuição sindical, depois verificamos uma fórmula, mais para a frente, para que possamos estudar uma espécie de suporte financeiro", afirmou.

    "A contribuição equivale a um dia de trabalho por ano. De repente, pode fazer um acordo que equivalha à metade do dia, um terço do dia. Alguma coisa que dê sustentação ao sindicato."

    O presidente afirmou, no entanto, que a compensação é apenas uma hipótese discutida com sindicalistas e que não há decisão sobre o tema.

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