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    Judiciário brasileiro não é a vara de Curitiba, diz Gilmar Mendes

    GIULIANA MIRANDA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LISBOA

    20/04/2017 11h16

    Giuliana Miranda - 18.abr.2017/Folhapress
    O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro Gilmar Mendes na abertura do evento, na terça (18)
    O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro Gilmar Mendes na abertura do evento, na terça

    O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes rebateu as recentes críticas de morosidade da corte em contraposição a uma suposta rapidez das instâncias inferiores.

    "O Judiciário brasileiro de primeira instância não é a 13ª vara de Curitiba [responsável pela Lava Jato]", disse Mendes.

    O ministro destacou que as condições de trabalho da equipe responsável pela Lava Jato são bem diferentes da realidade da maioria dos tribunais brasileiros.

    "Curitiba não é o padrão. E nem é o padrão da Justiça federal. O Moro está trabalhando sob condições especialíssimas, só faz isso", completou.

    Para Mendes, comparar a atuação do Supremo com a vara de Moro é uma atitude "irresponsável".

    "O elogio vai para o tribunal federal do Paraná que deu a ele [Moro] condições para que ele ficasse só fazendo isso. Não é o caso de todos os juízes que têm competências mais diversas", disse o magistrado.

    As declarações foram feitas em Lisboa nesta quinta-feira, último dia do 5º Seminário Luso-Brasileiro de Direito, organizado pelo IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público), do qual Mendes é sócio.

    Apesar de rejeitar as criticas de morosidade, o ministro defendeu que o Supremo discuta em breve a questão de limitação do foro privilegiado.

    "Hoje nós temos praticamente metade do Congresso, talvez algo mais, investigada no Supremo Tribunal Federal. Esse é um dado estatístico inescapável, nós temos que discutir [a redução do foro privilegiado]."

    "Agora não sei se é oportuno, se é adequado tentar fazer uma mudança casuística, eu diria quase 'macunaímica' agora, aproveitando-se desse discurso de que o foro é inadequado e tudo mais", completou.

    O ministro criticou também o CNJ (Conselho Nacional de Justiça). "O órgão perdeu o impulso e precisa melhorar muito para melhorar a Justiça do Brasil", finalizou.

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