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Nelson Marchezan Junior, prefeito de Porto Alegre |
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Poder
Friday, 03-May-2024 04:15:52 -03Doria incorpora o discurso que eleitor quer, afirma tucano gaúcho
PAULO GAMA
BRUNO BOGHOSSIAN
ENVIADOS ESPECIAIS A FOZ DO IGUAÇU (PR)23/04/2017 02h00
À frente da terceira maior cidade sob o comando do PSDB no país, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr., 45, defende que o partido "modernize" seu discurso sob pena de perder conexão com as ruas.
Nessa linha, sustenta que, em 2018, o eleitor vai buscar nome com o perfil de João Doria, prefeito de São Paulo, para a Presidência. "As pessoas querem resultado. Quem consegue vender isso é o Doria."
Para ele, o partido foi "demagógico" e "errou feio" ao defender a flexibilização da reforma da Previdência.
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Folha - A lista da Odebrecht colocou a classe política em xeque. Qual será o resultado?
Nelson Marchezan Jr. - É evidente que isso atrapalha as reformas necessárias, mas não se pode escolher oportunidade da Lava Jato. Se é agora que tem prova, é agora que tem os processos.O sr. vê erros éticos do PSDB?
Corrupção tem em tudo quanto é partido, igreja, bairro, cidade, sindicato. O problema é quando a instituição aceita e abarca a defesa da corrupção. Isso o PSDB nunca fez, o que nos diferencia do PT, por exemplo. Que cada um pague pelos seus atos, independentemente do partido.Esse cenário e a ascensão de nomes como o sr. e João Doria no PSDB são sinais de derrocada da política tradicional?
Uma década e meia de gestão demagógica levou as pessoas ao pragmatismo. O Doria conseguiu incorporar esse discurso. Mesmo que algumas coisas não avancem, ele mostra que é possível fazer.Essa percepção se refletirá em 2018?
Já se refletiu nessa eleição municipal. Continuaremos na mesma linha. [Em 2018,] a sociedade vai ser muito pragmática, realista, direta.Seu partido precisa seguir essa tendência?
Ele deve se modernizar agora. Modernizar as posições, não se acovardar no Congresso. Vai ser grande frustração se a reforma da Previdência não sair porque o PSDB se acovardou.Doria deve ser candidato a presidente?
Estamos em abril. Eleição é só em outubro de 2018. Ele é um bom nome e vai ser considerado, como Aécio [Neves], [Geraldo] Alckmin, José Serra.A receita que o sr. prega para a gestão pública é mais próxima de Doria do que deles...
Esse discurso de gestão, transparência, é do PSDB. Às vezes, votações no Congresso estão fora dele, mas é uma marca do PSDB.Sempre defendi que o partido tivesse posições mais coerentes e menos demagógicas. Mas ainda acho que o PSDB é o mais coerente dentro do Congresso.
O que quer dizer com "posições demagógicas"?
Previdência é o exemplo atual. O PSDB não pode ficar em cima do muro. Tem de se definir: ou quer um Brasil moderno, que faça justiça com dinheiro público, ou não.O partido errou ao trabalhar pela flexibilização da reforma?
Errou feio. Está mais retrógrado que Lula e Dilma. Se sabem o que tem de ser feito, por que não fazer? Todo político vive da opinião pública. Têm medo de não se comunicar bem e falhar nas eleições.Seis meses são suficientes para municípios aprovarem seus ajustes na Previdência?
Essa proposta é covarde. Que diferença é essa entre cidadão de classe D e o "top de linha", que é o servidor público? E essa diferenciação entre servidor federal, estadual e municipal? É patético, irracional.A comparação com Doria o incomoda?
De jeito nenhum. O discurso dele é muito saudável para o Brasil. As pessoas querem isso: que faça acontecer.Em que diferem?
Ele pode ser presidente da República, e eu não [risos].Em 2018, será o perfil buscado?
Hoje, esse é o cenário. Você sai na rua e as pessoas são pragmáticas, querem resultado. Quem consegue vender isso é o Doria, pela capacidade de comunicação dele e pelas ações.Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br
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