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    Lava Jato

    Mônica e João Santana dizem que Dilma sabia de caixa dois na campanha

    CAMILA MATTOSO
    BELA MEGALE
    DE BRASÍLIA

    24/04/2017 18h42 - Atualizado às 19h00

    Heuler Andrey/Folhapress
    CURITIBA,PR, BRASIL, 23.02.2016 - CHEGADA DE JOAO SANTANA NO PR: Monica Moura, esposa de Joao Santana preso na 23 fase da Operacao Lava-Jato denominada de Acaraje chega no IML em Curitiba-PR para realizar exame do corpo de delito. Foto: Heuler Andrey/FolhaPress PODER ***Exclusivo*** - Mônica Moura
    O casal Mônica Moura e João Santana, responsáveis pela campanha de Dilma Rousseff em 2014

    O marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura, disseram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que a ex-presidente Dilma Rousseff sabia da existência do caixa dois em sua campanha de 2014.

    A afirmação já havia sido feita em depoimento para o juiz Sergio Moro, em Curitiba (PR), na semana passada.

    Segundo o casal, a petista os recebeu em duas ocasiões: a primeira, em maio de 2014, e a segunda no final do mesmo ano. No entendimentos deles, estava claro que o assunto tratado eram pagamentos não contabilizados da campanha daquele ano.

    No entanto, ambos afirmam que a expressão "caixa dois" não foi utilizada em nenhum momento.

    Segundo relatos de pessoas presentes no depoimento desta segunda (24), as perguntas do ministro Herman Benjamin, relator da ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, indicam que a sua compreensão é de que a ex-presidente só teve conhecimento dos pagamentos ilícitos após a vitória na eleição.

    Benjamin questionou quais fatos concretos levavam o casal a achar que a petista sabia. A resposta de Mônica Moura foi que na segunda conversa, no final de 2014, no Palácio do Alvorada, Dilma perguntou abertamente sobre a conta que havia no exterior, indicada para receber os valores por fora da campanha.

    A mulher do marqueteiro contou que para essa reunião voltou às pressas de Nova York (EUA) após uma ligação do assessor Giles Azevedo, que trabalhava para a então presidente, pedindo uma reunião urgente.

    Segundo João Santana e Mônica Moura, Dilma mencionou diretamente a Operação Lava Jato no encontro, perguntando se a offshore que receberia os repasses estava protegida do alcance das investigações.

    Naquele momento, o casal havia recebido apenas a parte oficial, de R$ 70 milhões. Havia ainda dívida de R$ 35 milhões, que, pelo combinado, seriam pagos por caixa dois.

    Na primeira conversa com a ex-presidente, só estava presente João Santana. De acordo com ele, Dilma disse que ela mesma cuidaria da campanha de 2014, diferentemente do que havia acontecido em 2010.

    João Santana e sua mulher firmaram acordo de delação premiada, homologado no mês passado.

    A reportagem tentou contato com Flávio Caetano, advogado de Dilma Rousseff, mas não obteve resposta.

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