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    Moro indica que pode rever exigência de presença de Lula em depoimentos

    JOSÉ MARQUES
    DE CURITIBA

    24/04/2017 22h02

    O juiz Sergio Moro afirmou que irá rever a decisão que determinou a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas audiências de suas testemunhas de defesa caso os advogados do petista também revisem quais depoimentos são mesmo necessários.

    Moro pediu que sejam discriminados os "motivos concretos pelos quais não podem ser aproveitados os depoimentos por elas [testemunhas] já prestados" em outra ação penal e que seja esclarecido "se elas, em novas oitivas, teriam algo a acrescentar em relação aos depoimentos anteriores".

    Jorge Araujo/Folhapress
    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega para votar em eleição de dirigentes municipais do PT
    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega para votar em eleição de dirigentes municipais do PT

    "Deverá ainda ser esclarecida a necessidade da oitiva das testemunhas em relação às quais houve desistência na ação penal conexa", afirmou o juiz no documento, divulgado na noite desta segunda (24).

    A defesa de Lula havia listado 87 nomes —de 86 pessoas, porque um deles estava repetido— para depor ao juiz em uma das ações em que o ex-presidente é réu na Lava Jato.

    Moro havia dito, no último dia 17, que o número era "bastante exagerado", que algumas delas já haviam sido ouvidas em outras ações e que depoimentos anteriores podiam ser usado no processo em questão. Também afirmou que algumas chegaram a ser dispensadas pela defesa, inclusive durante audiências.

    O juiz determinou que Lula participasse, então, de todas as audiências. Os advogados do ex-presidente recorreram e pediram esclarecimentos sobre a legalidade da decisão.

    Moro respondeu no despacho desta segunda. "Para evitar maiores polêmicas, esclareço que reverei a decisão do indeferimento do pedido de dispensa de comparecimento pessoal caso igualmente revisto o rol de testemunhas arroladas pela defesa de Luiz Inácio Lula da Silva".

    Segundo ele, "no processo penal, é dever do acusado comparecer pessoalmente às audiências", mas que tem como praxe dispensar a presença quando ela não é necessária.

    Porém, o juiz acrescenta que "há aparente abuso do direito de defesa pela defesa de Luiz Inácio Lula da Silva, considerando cumulativamente o número excessivo de testemunhas e a recusa em aceitar prova emprestada". Moro deu cinco dias de prazo para os advogados de Lula se posicionarem.

    Procurado, o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, afirmou em nota que a decisão está "insistindo na presença dos ex-presidente Lula nas audiências" e "reforça a parcialidade de Sergio Moro".

    "Tal deliberação não tem qualquer amparo legal e se apresenta apenas como uma retaliação ao fato de Lula querer se defender no processo. A legislação autoriza o réu a escolher oito testemunhas por fato e foi isso que a defesa de Lula fez", afirma Martins.

    Segundo ele, Moro cria para o réu uma situação não prevista em lei. "Esperamos que mais essa ilegalidade contra Lula seja corrigida pelas instâncias superiores".

    A acusação do Ministério Público Federal contra o ex-presidente nesse processo afirma que parte das propinas pagas pela Odebrecht em contratos com a Petrobras foi destinada a aquisição de imóvel para o Instituto Lula, que não chegou a ser efetuada, e para comprar um apartamento vizinho à cobertura onde mora a família de Lula.

    Os advogados de Lula afirmam que ele e sua família "jamais foram beneficiados por qualquer dos dois imóveis indicados na denúncia" ou "receberam qualquer vantagem indevida de contratos da Petrobras".

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