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    Governo intervém e licitação do BB é suspensa até conclusão de auditoria

    DANIELA LIMA
    EDITORA DO "PAINEL"

    25/04/2017 14h31 - Atualizado às 08h54

    Bruno Santos - 20.nov.2016/Folhapress
    São Paulo, SP, BRASIL, 20 -11-2016: Fachada do Banco do Brasil, na Avenida Paulista, Zona Central de São Paulo. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** FOTO *** EXCLUSIVO FOLHA***
    Fachada do Banco do Brasil, na Avenida Paulista, em São Paulo

    O Banco do Brasil decidiu não homologar o resultado da licitação de publicidade, cujo nome da vencedora foi antecipado à Folha, até que uma auditoria interna apure indícios de direcionamento da concorrência.

    Como o jornal mostrou na edição desta terça (25), o nome da primeira colocada, a agência Multi Solution, foi obtido pela reportagem quatro dias antes da abertura dos envelopes que oficializariam o resultado.

    A informação é de que houve direcionamento na estatal para favorecer a empresa. O banco nega qualquer ação nesse sentido, assim como o presidente da agência, Pedro Queirolo. Essa é a maior licitação já disputada no governo Michel Temer.

    A Multi Solution e outras duas empresas dividiriam um contrato de até R$ 500 milhões por um ano, prorrogável até o limite de 60 meses, totalizando mais R$ 2,5 bilhões, sem contabilizar eventuais reajustes.

    O vazamento do resultado da licitação irritou o Palácio do Planalto, que enviou emissários ao BB para pedir uma solução rápida para o caso.
    Destas conversas ficou acertado que o banco suspenderia o resultado da licitação até que o caso fosse elucidado. Há forte cobrança para que o certame seja anulado.

    O BB, por sua vez, entrou em contato com o presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Raimundo Carreiro. Dentro da corte, o movimento foi visto como estratégico, já que havia entre os ministros quem defendesse uma intervenção no caso com o pedido de anulação da licitação, o que traria mais desgaste ao banco.

    Antes mesmo da publicação da reportagem da Folha expondo o vazamento, o governo Temer havia estranhado o resultado porque a Multi Solution nunca teve contrato com o poder público e é vista como uma novata sem estrutura para tocar uma conta como a do Banco do Brasil.

    Nesta terça, foi anunciado o resultado de outra licitação de agências de publicidade, desta vez da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), e a Multi Solution ficou com a última colocação (leia mais na pág. A5).

    Integrantes do governo e especialistas ouvidos pela Folha apontaram fatos inusitados na pontuação obtida pela Multi Solution na concorrência do Banco do Brasil.

    A agência obteve nota 13,08 de um total possível de 15 no quesito capacidade de atendimento, sendo que não possui um escritório em Brasília e conta com equipe enxuta em comparação com suas concorrentes.

    Recebeu nota máxima, 10, no quesito repertório, deixando para trás nomes como a Lew Lara, que atende atualmente o banco.
    Por meio de sua assessoria, o BB afirmou que "o processo de licitação para escolha das novas agências de publicidade não está finalizado e obedece a legislação".

    "A definição das classificadas seguiu critérios técnicos, conforme parâmetros previstos em edital público", diz o texto. A instituição financeira afirma ainda que o resultado da auditoria interna "será determinante para a finalização da licitação". "O BB não hesitará em adotar qualquer outro procedimento que julgar necessário."

    Na segunda-feira (24), o presidente da Multi Solution, Pedro Queirolo negou irregularidades. "De forma alguma [houve favorecimento]."
    Queirolo disse ainda que, apesar de só ter clientes privados em seu portfólio viu "no novo momento que o país enfrenta uma oportunidade para desenvolver um trabalho sério e competente também no setor público".

    Leia abaixo a íntegra da nota do Banco do Brasil:

    Em relação à reportagem publicada nesta terça-feira (25) sobre o processo de licitação para contratação de agências de publicidade, o Banco do Brasil esclarece que:

    I - O processo de licitação para escolha das novas agências de publicidade não está finalizado e obedece rigorosamente a legislação. A definição das classificadas seguiu critérios técnicos, conforme parâmetros previstos em edital público.

    II - Para que não pairem dúvidas, o Banco do Brasil, tão logo tomou conhecimento da reportagem, iniciou auditoria interna para apuração das notícias divulgadas, cujo resultado será determinante para finalização da licitação. O Banco do Brasil não hesitará em adotar qualquer outro procedimento que julgar necessário.

    III- De forma transparente, nesta quarta-feira (26), o Banco do Brasil dará publicidade a todas as propostas técnicas que foram apresentadas na licitação, junto com as respectivas notas atribuídas pela comissão responsável pela avaliação, o que possibilitará a verificação de todo o processo por qualquer interessado.

    IV - Além disso, o Banco do Brasil está à disposição dos órgãos de Controle, tendo já contatado o TCU (Tribunal de Contas da União) a fim de prestar esclarecimentos que aquela Corte julgue necessários.

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