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    Lava Jato

    Tribunal decreta prisão de ex-primeira-dama, mas adia envio a Bangu

    DO RIO

    26/04/2017 17h27 - Atualizado às 20h02

    Ricardo Borges/Folhapress
    Rio de Janeiro, Rj, BRASIL. 29/03/2017; Adriana Ancelmo, mulher do ex governador do Rio, Sergio Cabral chega em sua residencia no bairro do Leblon apos liminar que permite prisao domiciliar. ( Foto: Ricardo Borges/Folhapress)
    Adriana Ancelmo é conduzida para casa, onde cumpriu prisão domiciliar

    O Tribunal Regional Federal do Rio determinou que a ex-primeira-dama do Adriana Ancelmo volte a cumprir prisão preventiva no Complexo Penitenciário de Bangu.

    A decisão, porém, só será cumprida após a análise de recurso a ser apresentado pela defesa, que tem dez dias para protocolar embargos infringentes. Até lá, ela segue cumprindo prisão domiciliar.

    A permanência de Ancelmo em casa ocorreu após um recuo do desembargador Abel Gomes, relator dos casos da Lava Jato no TRF do Rio.

    No julgamento que analisava recurso do Ministério Público Federal contra a saída da prisão da ex-primeira-dama, decidida no mês passado pelo juiz Marcelo Bretas, Gomes havia dito que o cumprimento da decisão seria de imediato.

    Ele chegou a determinar que Bretas emitisse novo mandado de prisão contra Adriana. Duas horas depois, condicionou o cumprimento da decisão ao julgamento de eventual recurso a ser interposto.

    A possibilidade de recurso foi aberta porque a decisão da 1ª Turma do TRF não foi unânime (2 a 1). Os desembargadores Gomes e Paulo Espírito Santo entenderam que Ancelmo deveria ser mantida na prisão por ser um risco às investigações em curso.

    A ex-primeira-dama cumpria desde o mês passado prisão domiciliar por decisão de Bretas, responsável pela Operação Lava Jato no Rio. O magistrado havia concordado com a alegação da defesa de que ela deveria ficar em casa por ter filho menor de 12 anos.

    A Procuradoria Regional da República recorreu da decisão e conseguiu convencer os desembargadores do tribunal de que a prisão preventiva era necessária.

    "A medida cautelar ainda se faz necessária em virtude de a ré ter utilizado sua profissão para auxiliar atividade ilícita do seu marido, ajudando a ocultar valores ainda não recuperados", disse a procuradora regional da República Silvana Batini durante o julgamento.

    A prisão preventiva de Adriana foi decretada em dezembro de 2016, duas semanas após a prisão do marido, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Ele é investigado por supostamente liderar um esquema de desvios de dinheiro e propina em seu governo, de 2007 a 2014.

    Segundo as investigações, Adriana teria lavado dinheiro e ocultado patrimônio por meio da compra de R$ 6,5 milhões em joias entre 2007 e 2016. Ela também é acusada de usar o escritório de advocacia para lavar propina arrecadada por Cabral, segundo o Ministério Público.

    A ex-primeira-dama presta nesta quinta-feira (27) depoimento em Curitiba em processo conduzido pelo juiz Sérgio Moro. A denúncia trata de suposto pagamento de propina a Cabral em obras do Comperj. O ex-governador também será ouvido.

    Embora sejam réus, nem Cabral nem Adriana ainda foram condenados aos crimes que lhes são atribuídos.

    Ancelmo afirmou em depoimento à Polícia Federal que tem como comprovar os serviços prestados por seu escritório de advocacia a todos os clientes pelos quais recebeu remuneração. Ela negou que sua empresa tenha sido usada para o pagamento de propina de Cabral.

    A advogada também disse que não adquiriu vestidos e joias com dinheiro em espécie. A procuradoria afirma que parte da propina foi usada para quitar bens destinados à ex-primeira-dama.

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