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    Lava Jato

    Preso, ex-secretário de Cabral diz que usou 'sobras de caixa dois' de Pezão

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    02/05/2017 12h41

    Fernanda Almeida - 16.abr.2014/Secom
    Hudson Braga, ex-secretário de Obras do Rio
    Hudson Braga, ex-secretário de Obras do Rio

    O ex-secretário de Obras do Rio Hudson Braga afirmou nesta terça-feira (2) que usou em benefício pessoal R$ 3 milhões provenientes de "sobras de caixa dois de campanha" do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB).

    Negociando delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República), Braga foi coordenador de campanha de Pezão em 2014 e braço-direito do governador quando este ocupava o cargo de secretário de Obras, na gestão de Sérgio Cabral (PMDB) —Cabral e Braga foram presos em novembro na Operação Calicute, desmembramento da Lava Jato.

    Não é a primeira menção a caixa dois na campanha de Pezão. A informação consta também na delação de executivos da Odebrecht, segundo a qual ele foi beneficiário de R$ 23 milhões via caixa dois. A contribuição, segundo os depoimentos, foi solicitada por Cabral.

    Por que o Congresso quer anistiar o caixa dois?

    O nome do peemedebista também já havia sido identificado em bilhetes apreendidos durante a operação, que indicam supostos pagamentos mensais do esquema.

    Os R$ 3 milhões, segundo Braga, estavam guardados na Transexpert, empresa de guarda de valores. O ex-secretário disse que usou os recursos para adquirir um empreendimento em Volta Redonda.

    O Ministério Público Federal questionou se havia mais recursos disponíveis na empresa e quem tinha poder para usar as "sobras de campanha". Braga disse que só responderia questões sobre o processo de Operação Calicute, que trata de propinas pagas pela Andrade Gutierrez.

    "Esses fatos estão relacionados a outros fatos. Quero colaborar, mas em outra situação", disse ele.

    SALÁRIOS

    Braga assumiu também que cobrou da Andrade Gutierrez 1% dos valores dos contratos da empreiteira com o Estado como propina, a chamada de "taxa de oxigênio".

    Ele disse que a taxa tinha como objetivo "melhorar o salário das pessoas envolvidas" nas grandes obras do Estado. Segundo ele, recebiam os valores presidentes de empresas públicas, subsecretários, superintendentes e assessores especiais.

    Ele afirmou que a iniciativa da cobrança e definição do percentual partiu do ex-secretário Wilson Carlos, braço-direito de Cabral. Todos estão presos desde novembro após a deflagração da Operação Calicute, um desdobramento da Lava Jato.

    "O Wilson Carlos me chamou no fim de 2007, início de 2008, e disse que era para ser cobrado o valor. Existiam queixas de salário pagos pelo Estado. Essa taxa era para melhorar o salário das pessoas envolvidas nos projetos. Eu organizava isso com o Wagner Garcia [assessor da pasta, também preso]", disse Braga ao juiz Marcelo Bretas.

    Ele mencionou especificamente o pagamento da Andrade Gutierrez pelas obras na favela de Manguinhos, parte do chamado PAC das Favelas.

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