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    Lava Jato

    Dirceu deixa prisão; Moro decide que ele terá de usar tornozeleira

    JOSÉ MARQUES
    DE CURITIBA
    BELA MEGALE
    DE BRASÍLIA

    03/05/2017 12h25 - Atualizado às 21h37

    Eduardo Knapp/Folhapress
    O ex-ministro José Dirceu deixa o prédio da Justiça Federal em Curitiba
    O ex-ministro José Dirceu deixa o prédio da Justiça Federal em Curitiba nesta quarta (3)

    Usando tornozeleira eletrônica e proibido de sair do país, o ex-ministro José Dirceu deixou a sede da Justiça Federal em Curitiba no fim de tarde desta quarta (3), um dia após o STF decidir pela sua soltura.

    Ele seguiu para Brasília e não poderá se deslocar para fora da capital, a não ser que a Justiça autorize mudança para outra cidade.

    As determinações foram dadas pelo juiz Sergio Moro, que assinou no final da manhã o despacho que autorizava a saída de Dirceu do Complexo Médico Penal em Pinhais, na Grande Curitiba, onde o ex-ministro estava preso desde 2015.

    Moro também proibiu que o ex-chefe Casa Civil do governo Lula converse com outros réus e testemunhas nas ações penais que responde na Lava Jato.

    "Considerando que José Dirceu de Oliveira e Silva já está condenado a penas totais de cerca de 32 anos e um mês de reclusão, há um natural receio de que, colocado em liberdade, venha a furtar-se da aplicação da lei penal", disse Moro, na decisão.

    Com escolta da Polícia Federal, José Dirceu chegou por volta das 16h30 ao prédio da Justiça Federal. Do lado de fora, manifestantes faziam atos contra e a favor do ex-ministro.

    A Polícia Militar fez um um cordão de isolamento entre os grupos, para evitar conflitos. De um lado, vestidos de preto, manifestantes seguravam uma faixa: "A Lava Jato prende e o STF solta". Do outro, pessoas de vermelho comemoravam a saída da cadeia.

    Antes de Dirceu deixar a prisão, seu advogado pediu a Moro a mudança de endereço -no processo, ele constava como morador da cidade de Vinhedo (SP)- e o sigilo sobre o local de residência em Brasília. O segredo, segundo Podval, é "para evitar qualquer transtorno".

    PELO RÁDIO

    Foi por meio de um programa de rádio que Dirceu soube da decisão do STF. Na tarde de terça (2), o petista ouviu a decisão de Gilmar Mendes, que desempatou os votos da Segunda Turma a seu favor.

    Até então, Dirceu tinha sido comunicado por um dos advogados que o visitou que Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli haviam decidido pela soltura e Edson Fachin, relator da Lava Jato, e Celso de Melo, pela manutenção.

    A notícia, porém, foi encarada por Dirceu de maneira realista, segundo interlocutores. A pessoas que estiveram com ele após a decisão, o ex-ministro reforçou a tese de que é um preso político e afirmou que continuará sendo perseguido pela Lava Jato.

    Ele contou que estudou a terceira denúncia apresentada pela força-tarefa de Curitiba também na terça e disse que encontrou trechos iguais aos das duas já oferecidas pelos procuradores.

    Envolvidos na defesa do petista também mostraram descrença de que a liberdade de Dirceu vá durar.

    Acreditam que há a possibilidade de o Tribunal Regional Federal da 4ª região julgar e condenar o político em segunda instância até a próxima semana, o que o levaria novamente à cadeia.

    Pessoas próximas relataram que Dirceu vai morar na capital federal para ficar com a mulher, Simone Tristão, e a filha deles, Maria Antônia, de 6 anos. A ideia é que ele fique no apartamento onde as duas moram.

    -

    AS PRISÕES DE DIRCEU

    Ex-ministro de Lula está preso pela terceira vez, desde o regime militar

    1ª PRISÃO

    12.out.1968
    José Dirceu, então líder estudantil, é preso pelo regime militar em congresso clandestino da UNE na zona rural de Ibiúna (SP)

    6.set.1969
    Dirceu é deportado para o México com outras 14 pessoas em troca da liberdade do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Elbrick, sequestrado por militantes da organização de esquerda MR-8

    Divulgação
    Dirceu (o segundo em pé, da esq. à dir.) e outros guerrilheiros em 1969
    Dirceu (o segundo em pé, da esq. à dir.) e outros guerrilheiros em 1969

    2ª PRISÃO

    15.nov.2013
    Condenado a 7 anos e 11 meses por corrupção ativa no esquema do mensalão, Dirceu é preso e levado para o Complexo Penal de Papuda, em Brasília

    2.jul.2014
    O ex-ministro vai para o Centro de Progressão Penal, onde passa as noites, e trabalha em um escritório de advocacia durante o dia

    4.nov.2014
    José Dirceu é transferido para prisão domiciliar. Sua pena é extinta em outubro de 2016 —quando ele já estava preso novamente

    Eduardo Knapp - 15.nov.2013/Folhapress
    Dirceu saúda militantes ao chegar à sede da Polícia Federal
    Dirceu saúda militantes ao chegar à sede da Polícia Federal

    3ª PRISÃO

    2.ago.2015
    José Dirceu é preso em Brasília, durante a 17ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Pixuleco, e levado ao Complexo Médico Penal, em Pinhais, no Paraná. Em maio de 2016, é condenado a 23 anos pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e organização criminosa no esquema da Petrobras

    Mar.2017
    É condenado novamente em primeira instância, a 11 anos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele nega e recorre das decisões

    Mai.2017
    Por 3 votos a 2, STF concede habeas corpus ao ex-ministro, poucas horas depois de o Ministério Público Federal no Paraná apresentar nova denúncia contra o petista

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