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    Comissão da Câmara aprova PEC que pode inviabilizar partidos pequenos

    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    03/05/2017 17h55

    Alan Marques - 11.nov.2015/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 11.11.2015. Conselho de Ética da Câmara dos Deputados escolhe o relator da representação contra o deputado Chico Alencar (na foto) feita pelo deputado Paulo Pereira. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
    Chico Alencar (PSOL-RJ) é um dos opositores a PEC que cria restrições a partidos pequenos

    Depois de cerca de oito horas de sessão, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (3) a chamada "admissibilidade" da PEC (proposta de emenda à Constituição) que dificultará radicalmente a existência de partidos nanicos e pequenos.

    Foram 37 votos a 14.

    A "admissibilidade" é, basicamente, o reconhecimento de que a proposta é juridicamente correta e não fere a Constituição. Agora será montada uma comissão especial para analisar o mérito da PEC, último passo antes da votação em plenário.

    O texto do projeto, já aprovado pelo Senado, estabelece uma cláusula de barreira que tem potencial para reduzir para mais da metade o atual número de legendas no país, hoje em 35 –sendo que pelo menos outros 50 estão em formação.

    A medida, se entrar em vigor, atingirá siglas chamadas de "aluguel", que existem basicamente para negociar apoio no período de eleições, mas também legendas com certa plataforma programática e ideológica, do governo e da oposição, como PSTU, PSOL, PV, PPS, PC do B e Solidariedade.

    "Esse projeto é uma demasia, uma castração, é proibir os pequenos partidos que têm ideologia, conteúdo programático e ético, de crescer. É injusto, é basicamente injusto", disse Chico Alencar (PSOL-RJ).

    O projeto retira o dinheiro do fundo partidário, hoje o principal meio de financiamento das legendas, e direito a estrutura legislativa e participação na propaganda na TV de partidos que não obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados em 2018, o mínimo de 2% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos 14 unidades da Federação –em cada uma dessas unidades a sigla deverá ter um mínimo de 2% dos votos válidos.

    Nas eleições gerais seguintes, o piso nacional sobe para 3%.

    Ou seja, embora não haja a extinção formal, essas siglas ficariam sem os seus principais mecanismos de existência. Com isso, o dinheiro do fundo tende a se concentrar nas maiores legendas, que terão uma fatia maior da que recebem hoje.

    A proposta acaba também com a possibilidade de coligações de legendas para disputar as eleições e estabelece que parlamentares que se elegerem por siglas que não atingirem a cláusula podem migrar para grande partidos sem risco de perder o mandato por infidelidade.

    Uma saída para os nanicos e as pequenas siglas será a de se unir em federação, somando os votos recebidos para cumprir a exigência legal. Com isso, manterão os direitos, mas terão que atuar nos legislativos "com identidade política única, resguardada a autonomia estatutária dos partidos que a compõem".

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