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    Lava Jato

    Para 51%, corrupção não vai diminuir depois da Lava Jato, diz Datafolha

    PAULO GAMA
    DE SÃO PAULO

    04/05/2017 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    O presidente Michel Temer e o juiz federal Sérgio Moro se cumprimentam durante solenidade comemorativa ao dia do exército
    Michel Temer e Sergio Moro se cumprimentam durante comemoração do Dia do Exército

    Três anos após o início da Lava Jato, o eleitorado brasileiro se divide sobre a percepção de que a corrupção vai diminuir no país depois da operação, mostra pesquisa realizada pelo Datafolha.

    Para 45% dos entrevistados, a incidência do crime será menor após a ação. A maior fatia do eleitorado, no entanto, pensa diferente: para 44% ela continuará na mesma proporção, e para 7% a prática aumentará – o que totaliza 51% dos pesquisados.

    Com 39 fases, a Lava Jato provocou impacto profundo na política nacional. Levou à cadeia ex-ministros, um ex-presidente da Câmara, um senador, além dos principais empreiteiros do país.

    A percepção de que a corrupção continuará no mesmo patamar depois da Lava Jato é maior entre os mais jovens –chega a 50% na faixa de 16 a 24 anos– e diminui conforme aumenta a idade do eleitorado –fica em 36% entre os que têm mais de 60 anos.

    Corrupção e a Lava Jato

    Já a ideia de que após a Lava Jato a corrupção vai diminuir encontra eco maior entre os mais ricos, chegando a 54% entre quem ganha mais de R$ 9,4 mil mensais, e entre quem se declara bem informado sobre a lista de políticos delatados pela Odebrecht –nesse grupo, 53% acreditam nessa hipótese. Entre os que não tomaram conhecimento da lista, só 29% confiam na redução.

    A maior fatia do eleitorado acredita que uma parte dos políticos será presa, mas não a maioria –são 72% nessa categoria. Outros 13% creem que a maioria acabará encarcerada, e 7% estimam que todos irão para a cadeia.

    Temer e a Lava Jato

    PRESIDENTE

    A pesquisa também mostra uma percepção disseminada pelo eleitorado de que Michel Temer teve participação direta nos esquemas de corrupção descobertos pela operação. Segundo o levantamento, 73% dos entrevistados têm esse entendimento.

    A percepção supera o patamar dos 60% entre homens e mulheres, em todas as faixas etárias, nas cinco regiões do país e em todos os grupos de renda e de escolaridade.

    A Procuradoria-Geral da República pediu investigação sobre uma reunião da qual Temer participou, em 2010, em que delatores dizem ter tratado de propina para o PMDB, mas pediu que ele fosse poupado do inquérito por entender que o presidente não pode ser investigado na vigência do mandato por atos estranhos às suas funções.

    A pesquisa mostra ainda que o eleitorado não respalda a decisão de Temer de blindar o governo da pressão popular mantendo na Esplanada ministros investigados.

    Temer deveria demitir ministros investigados? - Em %

    O presidente anunciou o critério de só afastar assessores que forem denunciados –etapa posterior à investigação– e de só demitir auxiliares se o STF torná-los réus.

    De acordo com o levantamento, 82% da população defende a demissão dos ministros investigados. Só 13% concordam com a decisão de mantê-los no cargo.

    Outros políticos investigados deveriam se licenciar? - Em %

    Há sentimento semelhante do eleitorado em relação a outros políticos mencionados na lista. Para 77% dos eleitores, os governadores, prefeitos e parlamentares investigados deveriam pedir licença de seus mandatos.

    A pesquisa foi realizada pelo Datafolha em 26 e 27 de abril, com 2.781 entrevistas em 172 municípios. Tem margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos

    Folha Explica a Lava Jato

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