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    Lava Jato

    Okamotto diz que OAS deu 'apoio cultural' ao bancar acervo de Lula

    FELIPE BÄCHTOLD
    WÁLTER NUNES
    DE SÃO PAULO

    04/05/2017 20h19

    Reprodução
    Paulo Okamotto, em depoimento a Sergio Moro em 4.mai.2017
    Paulo Okamotto, em depoimento a Sergio Moro

    O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, prestou depoimento em ação penal da Operação Lava Jato nesta quinta (4) e afirmou que a empreiteira OAS prestou "apoio cultural" ao bancar despesas de um acervo de presentes e objetos recebidos pelo ex-presidente Lula.

    Okamotto, assim como o petista, é réu em ação penal sob responsabilidade do juiz Sergio Moro. Lula é acusado de receber propina da OAS, inclusive por meio do pagamento de R$ 1,3 milhão na armazenagem de bens dele em depósito da transportadora Granero.

    O dirigente do instituto afirmou que a OAS prestou um apoio que não envolveu "troca de coisa nenhuma" e também disse desconhecer irregularidades no caso do tríplex em Guarujá (SP), que também é alvo da ação.

    "A questão de pedir apoio cultural para manter o acervo do presidente Lula tem muito mais uma função histórica, tem um valor extraordinário manter esse acervo. O presidente brinca às vezes que aquilo é uma tralha."

    Okamotto contou que o acervo era composto por milhares de cartas escritas pela população, condecorações e medalhas recebidas ao longo dos mandatos de Lula. O volume, disse, precisava de 11 caminhões para ser transportado.

    Segundo falou no depoimento, Okamotto tinha a ideia de deixar o material no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), que informou que não teria como guardar os objetos por causa de uma reforma.

    Durante uma visita do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro a Lula, em 2011, Okamotto falou sobre a dificuldade de armazenar os bens e pediu uma ajuda "provisória". No depoimento, disse que o empreiteiro aceitou arcar com as despesas junto à Granero.

    Okamotto afirmou que mais adiante tentou transferir o acervo para outro local, como uma universidade e uma antiga sede dos Correios, mas o material acabou ficando guardado com a transportadora.

    "Foi uma contribuição de uma empresa que apoia um projeto cultural, como muitas empresas fazem hoje em dia."

    Sobre o tríplex, Okamotto disse que a ex-primeira-dama Marisa Letícia havia adquirido parcelas de um apartamento no litoral de São Paulo e que a OAS a questionou se ela ainda tinha interesse em comprar um imóvel.

    Em 2013, disse, Pinheiro convidou Lula para conhecer o prédio. "Eu falei pra ele: mas doutor Leo, se o presidente Lula quiser adquirir qualquer imóvel, qualquer apartamento, o presidente tem que pagar o preço de mercado. Ele falou: claro, claro", disse Okamotto.

    Mais tarde, afirmou, entendeu que a família de Lula havia desistido do negócio.

    OUTRO LADO

    De acordo com o advogado de Paulo Okamotto, Fernando Fernandes, o ex-presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, respondeu em seu interrogatório todas as perguntas, esclarecendo a inexistência de qualquer crime relacionado a manutenção do acervo presidencial.

    "O juiz Sergio Moro tem todos os elementos para absolvição quanto a esta acusação despropositada, que já conta com parecer da Procuradoria da República para o trancamento da ação", diz Fernandes.

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