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    Lava Jato

    Ex-aliado de Pezão atuou para emplacar negócio com governo

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    06/05/2017 02h00

    Fernanda Almeida - 16.abr.2014/Secom
    RIO.16.04.2010, brasil, Hudson Braga secretario de obras. Foto Fernanda Almeida / Secom ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Hudson Braga, ex-secretário de Obras do Rio

    O ex-secretário de Obras do Rio Hudson Braga, preso na Operação Lava Jato, intermediou, após sair do governo, o aluguel de dois edifícios que abrigariam o novo Centro Administrativo do Estado.

    O negócio chegou a ser avalizado pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), mas não foi concretizado em razão do agravamento da crise financeira do Estado.

    A informação consta de relatório da Polícia Federal que analisa e-mails e documentos do ex-secretário. Acusado de cobrar a chamada "taxa de oxigênio" –1% sobre os contratos de obras–, Braga foi braço-direito de Pezão durante a gestão Sérgio Cabral (PMDB) e coordenou sua campanha em 2014.

    A consultoria de Braga foi contratada pela Confidere (empresa que projeta edifícios sob medida para futuro locatário) em maio de 2015 para identificar potenciais clientes para o desenvolvimento de empreendimento na Cidade Nova, próximo ao Sambódromo. Em dezembro de 2015, as empresas desenvolveram o conceito do centro administrativo do governo.

    Ele interligaria o novo prédio a ser construído sob medida com outro já existente, atrás do Sambódromo.

    Braga informou aos parceiros no mesmo mês, segundo a PF, que a proposta foi levada "ao conhecimento do governador, que confirmou interesse". A partir daí, indicam os documentos, a gestão do projeto junto ao governo seria conduzida pela Confidere.

    A intenção de criar o centro administrativo foi anunciada por Pezão em entrevista ao jornal "O Globo" em janeiro de 2016. A gestão do peemedebista estimava uma economia de R$ 600 milhões por ano, com racionalização de custos de segurança e outros serviços num mesmo local.

    Em março de 2016, o governador enviou ofício à empresa confirmando o interesse. Informou que "pretende apresentar proposta de contrato de locação". "Infere-se, de acordo com as circunstâncias, que, tal fato [contrato entre Braga e Confidere], sem sombra de dúvidas, deve ter contribuído para assinatura da carta de intenção", diz a PF no relatório.

    Braga receberia uma comissão de 4,5% a 8% do total do aluguel pago, segundo documentos encontrados.

    O contrato acabou não sendo assinado em razão do agravamento da crise.

    OUTRO LADO

    O governo do Rio afirmou que o projeto do centro administrativo foi apresentado ao Estado pela Confidere. Não se sabia da participação de Braga no empreendimento, diz o governo.

    De acordo com a assessoria, o centro administrativo iria "reduzir os custos das secretarias com aluguel, segurança patrimonial, limpeza, entre outros". O Estado diz que a negociação não foi concretizada "por causa do agravamento da crise financeira".

    A Confidere afirmou que assinou contrato com a consultoria de Braga para identificar potenciais clientes para desenvolver projeto no terreno. Outras duas consultorias, diz a companhia, foram contratadas com o mesmo objetivo. "Nenhum desses contratos teve êxito", disse a empresa.

    O advogado do ex-secretário, Roberto Pagliuso, informou que não iria se manifestar sobre o caso.

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