A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, um dia depois de seu depoimento ao juiz Sergio Moro, que a Operação Lava Jato "atenta contra memória" de Marisa Letícia, ex-primeira-dama que morreu em fevereiro.

Em nota, nesta quinta-feira (11), o advogado Cristiano Zanin Martins afirmou que ela "jamais cometeu ilegalidade" e "sempre mereceu respeito de todos". "Apesar disso, uma denúncia descabida da força-tarefa, acolhida pelo Juízo da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, imputou a ela fatos inexistentes".

"Todos os atos de dona Marisa foram absolutamente legais e nunca poderiam justificar nem a denúncia nem a ação penal contra ela. São fatos de pleno conhecimento dos procuradores, pois constam dos autos do processo desde o início. No depoimento desta quarta (10), Lula simplesmente reafirmou a verdade".

O advogado disse que "causa estranheza que o depoimento do ex-presidente tenha recebido os comentários da força-tarefa que a imprensa explorou hoje. O testemunho de Lula, ontem, não diverge do que ele e nós, seus advogados, já vínhamos afirmando há mais de um ano".

Em nota divulgada, os procuradores afirmam que o depoimento de Lula apresentou "diversas contradições" como "a imputação de atos à sua falecida esposa, a confissão de sua relação com pessoas condenadas pela corrupção na Petrobras e a ausência de explicação sobre documentos encontrados em sua residência".

Martins defendeu que Moro inocente sumariamente Marisa Letícia, "como determina expressamente a lei em caso de falecimento".

Na audiência com Moro, na quarta-feira (10), Lula afirmou que, enquanto ele havia descartado a compra do apartamento, Marisa Letícia ainda tinha dúvidas.

"Eu não ia ficar com o apartamento, mas a dona Marisa ainda tinha dúvida se ia ficar para fazer negócio, ou não." Moro perguntou se ela decidiu não ficar. "Não discutiu comigo mais", ele respondeu.