Citados na delação premiada de João Santana e Mônica Moura, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff afirmaram que as declarações do casal são mentirosas e fantasiosas.
Segundo nota dos advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins, defensores do ex-presidente, Lula "nunca tratou direta ou indiretamente do financiamento das campanhas eleitorais em que foi candidato ou apoiador" e as afirmações dos delatores "são mentirosas".
"Hoje está muito claro que citar o nome de Lula tornou-se condição obrigatória para que réus e até condenados obtenham os favores na Promotoria no âmbito da Operação Lava Jato", diz trecho da nota.
Ainda conforme os advogados, nenhum dos delatores apresentou prova das menções feitas ao ex-presidente. "Uma ação penal se decide na base de provas. E provas contra Lula não há, porque ele sempre atuou dentro da lei."
Bruno Santos/Folhapress | ||
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva |
Já a assessoria da ex-presidente Dilma afirmou, por meio de publicação em seu site, que ela nunca negociou doações eleitorais ou ordenou pagamentos ilegais a prestadores de serviços em suas campanhas ou fora delas.
"São mentirosas e descabidas as narrativas dos delatores sobre supostos diálogos acerca dos pagamentos de serviços de marketing. Dilma Rousseff jamais conversou com João Santana ou Mônica Moura a respeito de caixa dois ou pagamentos no exterior. Tampouco tratou com quaisquer doadores ou prestadores de serviços de suas campanhas sobre tal assunto", diz trecho da nota.
Ainda conforme a assessoria, é fantasiosa a versão de que ela informava delatores sobre o andamento da Lava Jato. "Causa ainda mais espanto a versão de que por meio de uma suposta 'mensagem enigmática', conforme a fantasia dos delatores, a presidente tivesse tentado 'avisá-los' de uma possível prisão. Tal versão é patética."
A assessoria da ex-presidente informou ainda que é falsa a afirmação de que ela teria recomendado que os delatores ficassem no exterior e "é risível imaginar que a presidente da República recebeu informações de forma privilegiada e ilegal ao longo da Lava Jato".
Já o advogado Fernando Martins, que representa o empresário Eike Batista, afirmou que as informações divulgadas nesta sexta-feira (12) não são novas.
"Pelo contrário, foram objeto do depoimento prestado por Eike Batista em maio de 2016 ao Ministério Público Federal em Curitiba, por meio do qual foram apresentados, voluntária e originalmente, todos os detalhes a respeito dos fatos. Ressalta-se que todo o patrimônio de Eike Batista foi constituído de dinheiro lícito e privado e que o empresário e suas empresas nunca realizaram quaisquer obras para o governo."
Por meio de sua assessoria, a Odebrecht informou que está colaborando com a Justiça no Brasil e no exterior. "Já reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um acordo de leniência com as autoridades do Brasil, EUA, Suíça e República Dominicana, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas", diz nota da empresa.
O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardoso afirmou, por meio de nota, que a ex-presidente Dilma Rousseff nunca recebeu dele ou de qualquer órgão do Ministério da Justiça informações sobre investigações em curso que não não tivessem sido oficialmente transmitidas pelas autoridades competentes. Segundo Cardozo, Dilma "apenas foi cientificada desta determinação no momento em que estava sendo consumada, sendo absolutamente inverossímil que pudesse repassá-la, a quem quer que seja, dias antes da consumação desse fato".
Ele declara, também, que Dilma "nunca interferiu ou solicitou a qualquer órgão do Ministério da Justiça a obtenção ilegal de informações sigilosas".
A Folha não obteve contato com as defesas da ex-presidente da Petrobras, Graça Foster, e dos ex-ministros Guido Mantega e Antonio Palocci.
A DELAÇÃO DO CASAL - Acusações de João Santana e Mônica Moura ao Ministério Público Federal