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    Bolsonaro era agressivo e tinha 'excessiva ambição', diz ficha militar

    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    16/05/2017 02h01

    Lincon Zarbietti - 19.jan.2017/O Tempo/Folhapress
    POLITICA. BELO HORIZONTE, MG O deputado federal Jair Messias Bolsonaro participa da formatura de soldados da Policia Militar de Minas Gerais, em Belo Horizonte FOTO: LINCON ZARBIETTI / O TEMPO / 19.01.2017 *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    O deputado Jair Bolsonaro, em formatura de soldados da Policia Militar de Minas, em Belo Horizonte

    Documento sigiloso produzido pelo Exército na década de 1980 mostra que oficiais superiores do hoje presidenciável Jair Bolsonaro (PSC) o avaliaram como dono de uma "excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente".

    A avaliação foi protocolada sob sigilo, em 1987, no gabinete do então ministro do Exército, Leonidas Pires Gonçalves, durante um processo a que Bolsonaro foi submetido no Conselho de Justificação (espécie de inquérito).

    Conforme a Folha divulgou nesta segunda-feira (15), no processo Bolsonaro reconheceu ato de indisciplina e deslealdade por ter divulgado um texto, sem autorização de seus superiores, com pedido de aumento salarial. Ele foi condenado pelos três coronéis que compunham o conselho mas, após um recurso, conseguiu a absolvição no STM (Superior Tribunal Militar).

    Segundo a "ficha de informações" produzida em 1983 pela Diretoria de Cadastro e Avaliação do ministério, Bolsonaro, na época tenente com 28 anos de idade, "deu mostras de imaturidade ao ser atraído por empreendimento de 'garimpo de ouro'. "Necessita ser colocado em funções que exijam esforço e dedicação, a fim de reorientar sua carreira. Deu demonstrações de excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente".

    Em interrogatório a que foi submetido no conselho, Bolsonaro reconheceu ter feito garimpo "na cidade de Saúde, próximo de Jacobina [BA]", durante as férias, na companhia de três tenentes e dois sargentos paraquedistas, dois dos quais "estavam sob seu comando". Bolsonaro disse que não teve lucro e classificou a atividade como "hobby ou higiene mental".

    Ouvido pelo conselho, o superior de Bolsonaro, coronel Carlos Alfredo Pellegrino, disse que tentou demovê-lo da ideia do garimpo, mas conheceu "pela primeira vez sua grande aspiração em poder desfrutar das comodidades que uma fortuna pudesse proporcionar".

    Ao regressar, Bolsonaro procurou o oficial. Por um lado ele se "retratou", mas por outro teria "confirmado sua ambição de buscar por outros meios a oportunidade de realizar sua aspiração de ser um homem rico".
    Em sua decisão final, o Conselho de Justificação concordou com a avaliação da ficha de informações. "A imaturidade é de um profissional que deveria estar dedicado ao seu aprimoramento militar, através do adestramento, leitura e estudos, e não aventurar-se em conseguir riquezas."

    Segundo o coronel Pellegrino, Bolsonaro "tinha permanentemente a intenção de liderar os oficiais subalternos, no que foi sempre repelido, tanto em razão do tratamento agressivo dispensado a seus camaradas, como pela falta de lógica, racionalidade e equilíbrio na apresentação de seus argumentos".

    OUTRO LADO

    Em entrevista por telefone, Bolsonaro disse: "Vá catar coquinho, Folha de S.Paulo. Vocês estão recebendo de quem para fazer matéria? Vocês estão recebendo de quem para me perseguir?".

    Prosseguiu: "Publica essa porra de novo agora sem falar comigo. Eu só falo com vocês gravando", disse o parlamentar. "Continue escrevendo essas porcarias aí na Folha."

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