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    Lava Jato

    Lula e Dilma receberam US$ 80 milhões no exterior, diz Joesley

    RANIER BRAGON
    LAÍS ALEGRETTI
    LUCAS VETTORAZZO
    DE BRASÍLIA

    19/05/2017 17h49 - Atualizado às 19h28

    Andre Penner-07.ago.2014/Associated Press
    Dilma e Lula conversam durante evento do Dia do Trabalho, em São Paulo, em 2014

    Os ex-presidentes do PT Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff receberam uma soma de US$ 80 milhões em contas no exterior, segundo delações do empresário Joesley Batista, dono da J&F, empresa que controla o frigorífico JBS, e Ricardo Saud, diretor da empresa. O valor representa mais de R$ 250 milhões, segundo conversão com taxa cambial desta sexta-feira (19). No entanto, esse valor pode chegar a US$ 150 milhões.

    No acordo de colaboração enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), o Ministério Público Federal informa que há relatos de que houve pagamento de vantagens indevidas de US$ 50 milhões a Lula e US$ 30 milhões a Dilma por meio do pagamento de depósitos em contas distintas no exterior. Os valores estão informados em decisão do ministro Edson Fachin, que homologou a delação da JBS.

    No depoimento, contudo, Joesley não informa com precisão o montante repassado. "Na fase do presidente Lula, chegou acho que nuns 80 milhões de dólares e depois, na Dilma, chegou nuns 70. Ou o contrário, 70 na do Lula e 80 na da Dilma", afirmou o empresário.

    O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega atuaria como intermediário de negócios realizados com o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento), Petros (Fundação Petrobras de Seguridade Social) e da Funcef (Fundação dos Economiários Federais) com a finalidade de beneficiar a JBS.

    Também foram pagos, segundo Joesley Batista, US$ 30 milhões ao ex-ministro Antônio Palocci para a campanha de Dilma à presidência em 2010.

    "Quando foi em 2010, ele era o assessor da campanha da Dilma, e me pediu R$ 30 milhões de doação. Eu achei que tivesse feito tudo por doações oficiais", disse Joesley Batista, em depoimento prestado no dia 3 de maio deste ano.

    O empresário afirma que parte dos pagamentos foi feito por meio de notas fiscais frias, dinheiro vivo e também caixa 2.

    A JBS tem 220 fábricas em 20 países, incluindo os Estados Unidos e a Austrália, e clientes em todos os continentes. O negócio da família, que começou no interior de Goiás na década de 1950, mudou-se depois para Brasília. Cresceu nos anos seguintes, mas o grande salto veio na era Lula.

    Em 2005, partiu para expansão internacional na Argentina. Dois anos mais tarde, com a ajuda do BNDES, mudou de patamar. O banco injetou R$ 1,1 bilhão na empresa para viabilizar a compra da Swift nos EUA e na Austrália. A JBS virava, assim, a maior produtora de carne bovina do mundo.

    OUTRO LADO

    Os advogados de Lula informaram, por meio de nota, que as afirmações de Joesley Batista em relação ao ex-presidente não decorrem de contato com ele, mas "de supostos diálogos com terceiros, que sequer foram comprovados". "Todos os sigilos - bancário, fiscal e contábil - foram levantados e nenhum valor ilícito foi encontrado, evidenciando que Lula é inocente", diz o texto.

    A presidente Dilma Rousseff divulgou nota na qual diz que a única saída para a crise são eleições diretas e diz que o país está sem rumo "diante das graves acusações lançadas nos últimos dias".

    A defesa de Antonio Palocci afirmou que o ministro só se pronunciará nos autos.

    A reportagem não localizou o ex-ministro Guido Mantega.

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