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    Lava Jato

    Temer prometeu interferir na área econômica em favor da JBS, diz delator

    LETÍCIA CASADO
    CAMILA MATTOSO
    TALITA FERNANDES
    BELA MEGALE
    DE BRASÍLIA

    19/05/2017 17h59

    Danilo Verpa - 13.fev.2017/Folhapress
    JBS diz que comprou dólares como política de 'proteção financeira"
    O empresário Joesley Batista, dono da JBS

    O empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, disse que o presidente Michel Temer prometeu interferir na área econômica em favor da companhia. A informação foi relatada por Batista em depoimento à PGR (Procuradoria-Geral da República) em acordo de delação premiada na Operação Lava Jato.

    "Comentei sobre o programa do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], que tinha vetado operações nossas. Eu tive informações de que ele intercedeu pessoalmente a favor, tentando nos ajudar. E depois ele me confirmou pessoalmente: 'Olha, falei pessoalmente com a presidenta do BNDES [Maria Silvia Marques]'", disse Batista.

    "Ele me disse que esteve no Rio de Janeiro, mas não deu certo, o BNDES vetou", afirmou.

    No depoimento, gravado em vídeo, Batista contou aos investigadores sobre como foi a primeira conversa com Temer gravada às escondidas.

    Por meio de Rodrigo Rocha Loures, assessor de Temer, Joesley combinou de se reunir com o peemedebista no Palácio do Jaburu.

    Era noite de terça-feira. O delator dirigiu à casa de Temer e deu outro nome na portaria: Rodrigo. Parou na garagem e Temer lhe encontrou "no porão" para conversar, relatou Batista.

    Ele disse que o objetivo do encontro era discutir vários assuntos, entre os quais questões de interesse da empresa na área econômica.

    Batista queria discutir, por exemplo, a nomeação do presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica e Social), cujo comando está com o interino Gilvandro Araújo.

    O empresário afirmou que há "vários assuntos do Cade que a gente submete à apreciação" e, portanto, a escolha do novo líder é importante.

    "Ele [Temer] disse que tinha uma pessoa com quem podia ter uma 'conversa franca'. "Eu entendi 'conversa franca' como alguém para obedecer os interesses do presidente", disse Batista.

    A conversa também tratou sobre outros órgãos da economia: CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Receita Federal e também sobre o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

    Sobre a CVM, Joesley disse que foi "falar que seria importante ter pessoa alinhada com os interesses dele, do governo".

    "Perguntei a ele sobre Receita Federal, sobre o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Mas o Henrique nunca me atendeu em nenhuma reivindicação. E eu fui perguntar como fazer para o ministro saber que são assuntos de interesse do presidente. Ele falou: pode falar com o Henrique e você me avisa o assunto", contou o delator.

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