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    Lava Jato

    Advogado da JBS liga procurador preso a presidente da OAB-DF e cita Malafaia

    DE SÃO PAULO

    19/05/2017 18h50

    Fabio Victor/Folhapress
    Sede da JBS na capital paulista
    Sede da JBS na capital paulista

    Em depoimento que integra acordo de delação premiada, o advogado Francisco de Assis e Silva, do grupo JBS, confirmou que a empresa fazia pagamentos ao procurador da República Ângelo Goulart Villela.

    Villela fazia parte da força-tarefa da Operação Greenfield, que investiga a JBS e subsidiárias em esquema de uso irregular de dinheiro de fundos de pensão. Ele foi preso na quinta-feira (18).

    Segundo o advogado Silva, Villela teria sido apresentado a ele e a Joesley Batista, empresário dono do grupo J&F, por intermediação dos advogados Willer Tomaz e Juliano Costa Couto, presidente da OAB no Distrito Federal.

    No vídeo do depoimento, ocorrido em 10 de maio de 2017, Silva diz que "o relacionamento do grupo com o advogado Willer Tomaz começa no finalzinho do ano passado, quando um amigo do Joesley, preocupado com as operações Greenfield e Sepsis, indica o advogado Juliano Costa Couto, que teria relacionamento próximo com a 10ª Vara Federal", afirma.

    Segundo o advogado, para ilustrar sua intimidade com o magistrado responsável pelas operações, Willer lhe disse que o juiz teria aceitado se encontrar informalmente com o pastor Silas Malafaia, que desejava estreitar relações com o Judiciário após ter sido alvo de condução coercitiva.

    Segundo Silva, o objetivo do grupo era "que o procurador conseguisse convencer o juiz para que ele visse um erro na representação do Ministério Público [Federal]". Para tanto, teriam sido acordados honorários de R$ 4 milhões, e mais R$ 4 milhões caso o arquivamento do inquérito fosse bem-sucedido.

    O advogado relata ainda ameaças que teria sofrido após ele e o grupo JBS iniciarem, em segredo, as tratativas para uma delação premiada –a informação teria sido passada pelo procurador Villela.

    "Na sexta-feira, antes do Carnaval, Willer me liga e diz: 'Que sacanagem é essa de delação premiada?', eu desconversei, ele respondeu: 'O Ângelo me contou'".

    Em outra reunião, prossegue o delator, Willer teria lhe dito: "Estou de olho em você e ainda vou entender o que você está fazendo". Silva afirma, então, que perguntou a Willer "sobre uma história de mensalinho de R$ 50 mil ao procurador".

    "Eu pergunto: 'tá certo que ele tem remuneração por isso?', e ele diz 'tá certo', e reclama que teve que dividir os honorários que pagamos a ele com o procurador e os juízes."

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