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    Lava Jato

    Joesley e doleiro ligado a Cunha mantinham relação de amizade

    BELA MEGALE
    JULIO WIZIACK
    DE BRASÍLIA

    20/05/2017 12h26

    Danilo Verpa/Folhapress
    Joesley e doleiro ligado a Cunha mantinham relação de amizade
    Joesley e doleiro ligado a Cunha mantinham relação de amizade

    Desde que foi preso, em julho, o doleiro Lúcio Funaro resistiu a optar por uma delação premiada porque teria de entregar os negócios de Joesley Batista, dono do grupo J&F. Acabou perdendo a vez e foi entregue pelo próprio empresário, que se tornou delator nesta semana.

    Para a Lava Jato, Joesley confessou que pagava uma mesada de R$ 400 mil ao operador mesmo após a sua prisão -Funaro é ligado ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e foi preso sob suspeita de corrupção.
    Joesley completou que, via o corretor, pagou propina para parlamentares do PMDB na Câmara liderados por Eduardo Cunha e também ao próprio deputado cassado.

    Joesley e Funaro sempre disseram que mantinham relações estritamente comerciais. O empresário afirmou ter conhecido operador quando este foi contratado para intermediar uma disputa da J&F com a família Bertin, dona de um frigorífico concorrente. Depois, Funaro atuou na compra da empresa Big Frango -transações que estão sob investigação.

    DONOS DAS CASAS

    O que Joesley ainda não contou em sua delação é que mantinha uma relação de amizade com o doleiro.

    Há cerca de quatro anos, o dono do grupo J&F comprou a mansão do casal global Luciano Huck e Angélica em uma das ilhas de Angra dos Reis, no Rio.

    Em poucos meses, o local tornou-se ponto de encontro de parentes, amigos e executivos. Funaro se valia da amizade e desses momentos de intimidade para conseguir novos negócios.

    Um desses empresários disse ter sido abordado dentro da piscina, em um churrasco ocorrido em 2014. Funaro teria oferecido facilidades junto à Caixa Econômica.

    Naquele momento, o operador já era conhecido por ter sido dono de uma empresa usada para lavar dinheiro no mensalão. Ele se livrou da pena devido a um acordo de delação premiada.

    Em 2015, foi um dos convidados para a festa de Réveillon de Joesley, que chamou um pequeno grupo de amigos e integrantes da alta cúpula do PT na época.

    A proximidade também fez Joesley "vender" sua casa no Jardim Europa, em São Paulo, para o amigo.

    De acordo com delação premiada de Fábio Cleto, ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica, e Alexandre Margotto, ex-sócio de Funaro, a casa na verdade foi adquirida com dinheiro de propina paga por Joesley.

    Nas estimativas de Margotto, o imóvel valia cerca de R$ 20 milhões à época.

    Em mensagem enviada por sua assessoria, Joesley negou as afirmações de Margotto e afirmou que a casa foi efetivamente vendida à mulher de Funaro por cerca de R$ 9 milhões, em três prestações.

    Segundo a afirmação, foram realizados dois pagamentos: de R$ 3,26 milhões, em setembro de 2015, e de R$ 2,86 milhões, em outubro de 2015. A última parcela, de R$ 2,8 milhões, com vencimento em novembro de 2015, encontra-se pendente -por isso, o imóvel está alienado à J&F, ainda de acordo com o empresário.

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