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    Lava Jato

    Instituto entra com pedido no STF para cassar acordo de delação da JBS

    RAFAEL BALAGO
    DE SÃO PAULO

    22/05/2017 18h36 - Atualizado às 19h52
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    Danilo Verpa - 13.fev.2017/Folhapress
    SÃO PAULO, SP, 13.02.2017: JOESLEY-BATISTA - Joesley Batista, dono da JBS, concede entrevista a Folha na sede da empresa em São Paulo. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress)
    Joesley Batista, um dos donos da JBS que fecharam acordo de delação premiada

    O Ibradd (Instituto Brasileiro do Direito de Defesa) protocolou nesta segunda-feira (22) no STF (Supremo Tribunal Federal) um mandado de segurança que pede o cancelamento da homologação do acordo de delação premiada do grupo J&F, que inclui a empresa JBS.

    A entidade considera que o acordo foi "light e extremamente favorável" aos executivos e que a homologação deveria ter sido feita pelo plenário do STF, e não apenas por decisão do ministro Edson Fachin.

    O Ibradd lembra que a JBS teve faturamento de R$ 170 bilhões em 2016 e considera "insignificante" a multa proposta aos colaboradores, de cerca de R$ 250 milhões, e ao grupo de empresas, de R$ 11 bilhões. Os valores ainda estão sendo negociados.

    O mandado pede que a homologação seja cassada para que os colaboradores possam voltar a ser alvo das ações penais que estavam em curso, incluídos em novas denúncias criminais e presos de forma preventiva.

    Cronologia da delação da JBS

    O acordo de colaboração foi homologado por Fachin na semana passada. Em troca da delação, que cita o presidente Michel Temer, o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e outros políticos, os executivos da empresa, como os donos Wesley e Joesley Batista, foram autorizados a deixar o país

    No pedido, a entidade defende que o acordo "jamais poderia ter sido homologado em segredo de justiça, por decisão monocrática, sem fundamentação idônea que viesse a enfrentar a proporcionalidade, razoabilidade e moralidade entre a colaboração e a respectiva premiação concedida fora do tradicional rigor e austeridade do Ministério Público".

    O documento também questiona a imparcialidade do MPF (Ministério Público Federal) no caso, ao lembrar que Marcello Miller, ex-procurador da República que trabalhou na Lava Jato e hoje integra o escritório de advocacia que ajudou a JBS a preparar seu acordo de delação.

    O pedido é assinado por Ricardo Hasson Sayeg, Roberto Parentoni e outros três advogados.

    "A negativa de denúncia e o perdão judicial são previstos pela legislação em vigor. A possibilidade de premiação excepcional para uma colaboração igualmente excepcional é de grande importância para o êxito do mecanismo da colaboração premiada.", disse o grupo J&F, por meio de nota.

    "É natural que, nesse momento, em função da densidade das delações, surjam tentativas de desqualificá-las. Joesley Batista e outros colaboradores ressaltam a sua segurança com a veracidade de todo o conteúdo que levaram ao conhecimento do Ministério Público. Eles não hesitarão, se necessário, em fornecer os meios para reforçar as provas que entregaram.", prossegue o comunicado.

    Procurado pela reportagem, o MPF disse que não irá se manifestar.

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