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    Lava Jato

    Perito da Lava Jato contesta laudo pago por defesa de Michel Temer

    BELA MEGALE
    CAMILA MATTOSO
    DE BRASÍLIA

    23/05/2017 14h52

    Ueslei Marcelino - 18.mai.2017/Reuters
    Brazil's President Michel Temer reacts as he speaks at the Planalto Palace in Brasilia, Brazil, May 18, 2017. REUTERS/Ueslei Marcelino ORG XMIT: BRA103
    Presidente Michel Temer no Palácio do Planalto

    O chefe da perícia da Polícia Federal na operação Lava Jato em Curitiba (PR), Fábio Salvador, afirmou que é uma "humilhação" a contratação de um perito particular pela defesa de Michel Temer no caso das gravações feitas por um dos donos da JBS, Joesley Batista.

    O advogado convocado pelo presidente para cuidar das acusações, Antônio Claudio Mariz de Oliveira, contratou o perito Ricardo Molina para avaliar o áudio, diante da desconfiança do governo de que havia edições e cortes no que foi entregue para o Ministério Público.

    Em coletiva de imprensa nesta segunda (22), Molina afirmou que o material não pode ser usado como prova e apontou "obscuridades".

    Salvador criticou a apresentação de um laudo em tão pouco tempo, cerca de 24 horas, e sem a análise do aparelho usado para gravar.

    "Como é que alguém conclui alguma coisa em apenas 24 horas, em período tão curto, sem sequer ter o aparelho? Isso demonstra um interesse, uma motivação. Que tem um viés", disse à Folha o chefe da perícia.

    "É decepcionante o uso que está se fazendo da expressão perito criminal. É uma humilhação".

    A PF recebeu nesta segunda (22) um dos gravadores utilizados pelo empresário.

    O segundo aparelho é esperado por delegados para a perícia. Ao STF (Supremo Tribunal Federal), a polícia afirmou que vai demorar 30 dias para ter uma conclusão.

    "O que difere um perito profissional daqueles que se dizem peritos é o comprometimento com a missão institucional. Nós só temos uma missão, que é apurar a verdade dos fatos. Não sofremos influências externas como peritos contratados. Somos independentes", finalizou.

    A Folha também contratou uma perícia. Segundo esse laudo, há ao menos 50 edições no áudio entregue por Joesley Batista.

    DELAÇÃO

    A gravação feita por Joesley Batista em março foi usada para a negociação de um acordo de delação premiada, homologado há dez dias.

    Para a PGR (Procuradoria-Geral da República), Temer dá anuência ao pagamento de propina para o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e seu operador Lucio Funaro, para "controlá-los".

    A divulgação do conteúdo da delação provocou a maior crise política do governo.

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