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    Lava Jato

    Agravamento da crise afeta propostas de reforma política na Câmara

    DANIEL CARVALHO
    DE BRASÍLIA

    23/05/2017 16h18

    Pedro Ladeira - 11.ago.2016/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 11-08-2016, 15h00: Plenário da Câmara vazio durante sessão não deliberativa na tarde de hoje. Congresso deve seguir esvaziado nos próximos dias devido às eleições municipais
    Plenário da Câmara vazio durante sessão não deliberativa

    A crise política que se agrava desde a semana passada gera efeito imediato na proposta de reforma política que tramita na Câmara.

    O primeiro sinal é a defesa maior do "distritão" como sistema eleitoral para o ano que vem em vez da lista preordenada, modelo mais defendido até a primeira quinzena de maio.

    Pelo "distritão", os candidatos mais votados são os eleitos, não havendo os chamados "puxadores de voto".

    Por este modelo, a disputa fica mais individualizada, já que todos os candidatos, inclusive deputados e vereadores, são eleitos pela quantidade de votos recebidos.

    A lista preordenada dá protagonismo aos partidos, que montam a seleção de candidatos. A avaliação que ganhou corpo no Congresso nesta semana é a de que agora a crise atinge todos os partidos, o que prejudicaria inclusive defensores da lista, como o PSDB, que viu o senador Aécio Neves (MG) ser abatido por denúncias de corrupção.

    "Diante dos acontecimentos, todos os partidos políticos estão desgastados. Começo a observar tendência no 'distritão', onde se valoriza os candidatos individualmente", disse o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), presidente da comissão especial que discute a reforma política, nesta terça-feira (23).

    Ele argumenta que a ideia mais forte agora é aprovar o "distritão" para a eleição de 2018 e, para 2022, o "distrital misto", sistema pelo qual metade das cadeiras seria preenchida pela lista fechada e a outra metade, por candidatos mais votados por região.

    A ideia de se criar um fundo geral para financiar campanhas está mantida. Vieira Lima diz acreditar que o "distritão" vai diminuir o número de candidaturas, o que reduziria os gastos eleitorais.

    O relator da reforma política, deputado Vicente Cândido (PT-SP) discorda.

    "Não concordo porque o 'distritão' não combina com financiamento público", afirmou.

    AÉCIO

    Outro efeito direto da crise política é a disposição de Cândido de incorporar em seu parecer as propostas da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 282/2016, do senador Aécio Neves (PSDB-MG), alvo de um pedido de prisão feito pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e que será avaliado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

    O texto de Aécio trata da vedação às coligações partidárias e estabelece uma cláusula de desempenho para os partidos, itens já abordados na última versão do relatório de Cândido.

    A comissão para analisar esta PEC do senador tucano não chegou a ser instalada.

    DIRETAS

    Tanto o presidente da comissão como o relator afirmaram que não pretendem incorporar no parecer qualquer regulamentação às eleições indiretas que ocorrem caso Michel Temer deixe a Presidência da República.

    "Teoricamente poderia tudo. O que não pode é passar a impressão de que está se discutindo agora por causa da crise. Até porque você tem um presidente", afirmou Lúcio Vieira Lima.

    "Não quero misturar essas coisas. É outro ritual. Tem a ver, mas é outra dinâmica", disse Vicente Cândido.

    Atualmente, está em tramitação na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara uma PEC que estabelece eleições diretas.

    A PEC do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) sugere que, em caso de vacância do cargo de presidente em até seis meses do fim do mandato, novas eleições diretas sejam convocadas no país.

    O texto é uma proposta de mudança à Constituição, que atualmente diz que, em caso de queda do presidente tendo decorrido pelo menos dois anos do mandato, o próximo ocupante deve ser escolhido por eleições indiretas, ou seja, pelo Parlamento.

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